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Sudão: perito da ONU reage à prisão de centenas em manifestações

Sudão: perito da ONU reage à prisão de centenas em manifestações

Protestos contra os cortes dos subsídios de combustíveis teriam feito até 50 mortos;  dados do relator sobre Direitos Humanos no país apontam para cerca de 800 detidos, incluindo membros de partidos da oposição e jornalistas.

Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.*

A prisão de centenas de pessoas em protestos em massa, que decorrem há mais de uma semana no Sudão, é alvo de preocupação do relator independente da ONU sobre a situação dos direitos humanos.

Nesta quinta-feira, Mashood Baderin apontou também casos que chamou de “censura pesada” sobre os meios de comunicação social, devido às manifestações contra os cortes dos subsídios de combustíveis.

Mortes

Uma nota, emitida esta quinta-feira, aponta que os eventos teriam alegadamente resultado em até 50 mortes atribuídas às forças de segurança. 

Pelo menos 800 ativistas teriam sido detidos, incluindo membros de partidos da oposição, jornalistas e outras pessoas “mantidas incomunicáveis, sem acesso a advogados ou às suas famílias.” 

Baderin insta ao Governo do Sudão a apresentar uma acusação contra os presos por crimes reconhecíveis ou a libertá-los. Além disso, as autoridades foram exortadas a permitir o acesso dos detidos às famílias, à representação legal e à assistência médica.

Censura

Em relação à censura nos media, o relator pediu que seja permitido o gozo das liberdades básicas, incluindo o exercício da liberdade de manifestação pacífica.

Os protestos por subsídios iniciaram a 23 de setembro no estado central de Gezira, tendo se alastrado para outras partes do país incluindo a capital Cartum, marcada por violentos confrontos entre participantes e a polícia.

Violência

O perito condena vigorosamente o uso da violência contra manifestantes pacíficos e a destruição da propriedade pública durante as ações. O Governo e os manifestantes também foram instados a se abster completamente do recurso à violência. 

O documento cita relatos de uso de força excessiva pelos elementos da segurança sudanesa contra pessoas desarmadas, incluindo disparos de balas reais.

O especialista pede uma investigação imediata, completa e imparcial sobre os incidentes para que os autores sejam responsabilizados.

*Apresentação: Denise Costa.