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Ministro português fala em dificuldade para executar Acordo Ortográfico BR

Ministro português fala em dificuldade para executar Acordo Ortográfico

Em entrevista à Rádio ONU, chanceler de Portugal Rui Machete diz que reforma na escrita “não é certamente a única maneira de desenvolver a língua”; para ele, é preciso haver regras básicas mínimas e deixar o idioma fluir.

Mônica Villela Grayley, da Rádio ONU em Nova York.

O ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal declarou que o Acordo Ortográfico da língua portuguesa não é “certamente a única maneira de desenvolver o português.”

A declaração foi dada à Rádio ONU numa entrevista antes do discurso do ministro na Assembleia Geral, no sábado.

Proposta

Segundo Rui Machete, tem havido “alguma dificuldade em conseguir realizar o projeto” da reforma ortográfica como prevista no acordo elaborado em 1990. Rui Machete comparou a situação das duas ortografias da língua portuguesa com a do inglês, também falado em vários continentes.

“Não é certamente a única maneira de desenvolver a língua. Recorde, por exemplo, que o inglês falado na América ou falado na Inglaterra ou falado na Nova Zelândia ou na Austrália não tem acordos ortográficos, embora os escritores vão cuidando disso. Nós temos tido alguma dificuldade em conseguir realizar o projeto que se tinha de o Acordo Ortográfico ser tão vital para o desenvolvimento da língua. Eu acho que é bom haver algumas regras básicas mínimas, mas para isso temos que deixar a língua fluir. E portanto nesta matéria, teremos de após alguns anos observar e ver se não temos que fazer algumas pequenas alterações. Mas isso, eu não sou especialista, há que estudar. Há que ter um espírito aberto. A finalidade básica expandir a língua portuguesa, a literatura portuguesa, as suas manifestações culturais etc. (...) É um fenômeno muito complexo, muito amplo.”

Entrada em Vigor

O Acordo Ortográfico foi endossado como braço técnico da proposta de internacionalização da língua portuguesa em 2008. A decisão foi anunciada na cimeira de chefes de Estado e Governo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. Um ano depois, o Brasil implementou, voluntariamente, o acordo sendo seguido por Portugal. A entrada em vigor, nos dois países, no entanto, que deveria ocorrer em 2013, foi adiada para 2016.

Ainda em Nova York, o ministro Rui Machete foi recebido pelo Secretário-Geral Ban Ki-moon e se reuniu com líderes americanos, descendentes de portugueses para estreitar a cooperação de Portugal com as diásporas nos Estados Unidos.