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Portugal: difícil entender ausência do Brasil no Conselho de Segurança

Portugal: difícil entender ausência do Brasil no Conselho de Segurança

África e a Índia igualmente referidos no discurso do representante português, neste sábado, na 68ª Assembleia Geral; língua portuguesa e transição na Guiné-Bissau apontados como preocupações da diplomacia do país europeu.

Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.

O ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros de Portugal considerou difícil justificar a ausência do Brasil e da Índia do Conselho de Segurança das Nações Unidas.

No discurso feito no pódio da Assembleia Geral, neste sábado, Rui Machete defendeu, igualmente, a presença de cada vez mais membros permanentes no órgão, incluindo  representantes do continente africano.

Composição

Porém, a reforma da nossa organização nunca estará completa sem uma refora do Conselho de Segurança, a qual abrange os seus métodos de trabalho, mas sobretudo a sua composição. É cada vez mais difícil de explicar como é que países como o Brasil e a Índia não integram ainda como membros permanentes o Conselho de Segurança.

Rui Machete também disse estar preocupado com a possível prorrogação do período de transição na Guiné-Bissau. A situação guineense foi associada à instabilidade da região africana do Sahel, no discurso que reafirma o apoio portugês à estratégia regional elaborada com auxílio das Nações Unidas.

Eleições

“As indicações que nos chegam sobre um novo prolongamento do período de transição não deixam de nos causar uma forte apreensão. A comunidade internacional não poderá também deixar de sublinhar que para que as eleições sejam livres, justas, transparentes e credíveis, as atuais autoridades guineenses devem garantir que todos os cidadãos guineenses, sem exceção, nelas possam participação em pleno uso dos seus direitos, incluindo, naturalmente, as liberdades de expressão e de associação legitimadas pelo livre voto popular e designadas nos termos constitucionais poderão promover as reformas no setor da segurança, na administração e na justiça há muito já identificadas.”

Portugal condenou o uso de armas químicas na Síria. Machete encorajou os progressos no processo de paz israelo-palestiniano. Quanto ao programa nuclear iraniano, o país europeu exigiu gestos concretos nas negociações.

Machete mencionou a dimensão global da língua portuguesa e o seu papel em várias entidades internacionais. O governante reafirmou a intenção de ter o idioma comum de centenas de milhões de pessoas, adotado como língua oficial na ONU.

Português

“A língua portuguesa é o fator que tece a unidade entre a diversidade dos Estados que integram a Comunidade dos Países de língua portuguesa. Somos uma comunidade presente em quatro continentes e com cerca de 250 milhões de falantes. Trata-se de ser a língua de origem europeia mais falada no mundo com um papel e estatuto crescente na cena internacional quer enquanto veículo de comunicação, quer enquanto língua económica utilizada no comércio e nos negócios, língua de cultura e utilizada também nas redes sociais”, apontou.

Portugal pediu maior liderança dos países em desenvolvimento na agenda global pós-2015. O país propôs uma visão que envolva mais parcerias com novos atores internacionais e a liderança de países em desenvolvimento.