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Dilma pede à ONU criação de marco internacional para regular internet BR

Dilma pede à ONU criação de marco internacional para regular internet

Em discurso na Assembleia Geral, presidente do Brasil diz que país foi alvo de “intrusão” de rede de espionagem; para Dilma Rousseff, episódio foi um “caso grave da violação dos direitos humanos”.

Leda Letra, da Rádio ONU em Nova York.

Ao abrir os discursos da 68ª Assembleia Geral das Nações Unidas, a presidente do Brasil defendeu a criação de um marco civil internacional para a regulamentação da internet.

Dilma Rousseff começou seu discurso lamentando que “recentes revelações de uma rede de espionagem eletrônica” provocaram indignação da opinião pública mundial.

“Intrusão”

“No Brasil, a situação foi ainda mais grave, pois aparecemos como alvo dessa intrusão. Dados pessoais de cidadãos foram, indiscriminadamente, objeto de interceptação. Informações empresariais, muitas vezes de alto valor econômico e até mesmo estratégico, estiveram na mira da espionagem.”

Para a presidente brasileira, não se “sustentam argumentos de que a interceptação ilegal de dados e informações” tem o objetivo de proteger as nações contra o terrorismo.

Direitos Humanos

Ela classificou o episódio como um caso grave de “violação dos direitos humanos e das liberdades civis”.

Dilma Rousseff destacou que o Brasil “repudia, combate e não dá abrigo a grupos terroristas”. A presidente pediu que as Nações Unidas criem um mecanismo internacional para regular a internet.

Protesto

“Fizemos saber ao governo americano o nosso protesto, exigindo explicações, desculpas e garantias de que tais procedimentos não se repetirão. A ONU deve desempenhar um papel de liderança, no esforço de regular o comportamento dos Estados frente a essas tecnologias. O Brasil apresentará propostas para o estabelecimento de um marco civil multilateral para a governança e uso da internet e de medidas que garantam uma efetiva proteção dos dados que por ela trafegam.”

Durante sua fala na Assembleia Geral, Dilma Rousseff lembrou que lutou contra a censura e por isso, defende a privacidade e a soberania do Brasil.

A presidente, que foi a primeira chefe de Estado a discursar na sessão desta terça-feira, também falou sobre os modelos de inclusão social adotados pelo país e sobre a crise econômica mundial.

Síria

Dilma lembrou que a economia global continua “frágil”, com alto nível de desemprego e destacou que os países emergentes não podem garantir, sozinhos, a retomada do crescimento.

A reforma do Conselho de Segurança e a situação na Síria também foram assuntos abordados pela presidente.

“A crise na Síria comove e provoca indignação. Dois anos e meio de perdas de vida e destruição causaram o maior desastre humanitário deste século. É preciso calar a voz das armas, convencionais ou químicas, do governo ou dos rebeldes. Não há saída militar. A única solução é a negociação, o diálogo, o entendimento.”

Encontro

Ainda sobre o Oriente Médio, Dilma Rousseff afirmou que é “chegada a hora de se atender às legítimas aspirações palestinas por um Estado independente e soberano.”

Antes de discursar na Assembleia Geral, a presidente do Brasil encontrou-se com o Secretário-Geral Ban Ki-moon.

O chefe da ONU agradeceu as contribuições do país para a agenda do desenvolvimento sustentável, firmada na Rio+20 e pelo apoio das tropas brasileiras que fazem parte da Missão da ONU no Haiti, Minustah.

Assista aqui aos discursos em tempo real.