Em estudo, ECA destaca complexidade da situação económica do Egito
Crescimento económico lento, em 2013, deve ter impacto negativo sobre a recuperação económica e social; Cairo tem cerca de 3,5 milhões de pobres e afetados pela insegurança alimentar.
Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.
A Comissão Económica das Nações Unidas para África, ECA, lançou, esta terça-feira, uma análise com o que considera “história complexa” da realidade do Egito em momentos de instabilidade política e de transição.
Apesar de, em 2012, o país ter sustentado a maioria das atividades industriais, teve um abrandamento das exportações e das receitas provenientes do Canal de Suez devido à fraca demanda global.
Finanças
O documento “A Situação Económica no Egito no Contexto da Instabilidade Política e de uma Transição de Risco”, aborda as finanças públicas, o equilíbrio de serviços e o desenvolvimento social.
Entre 2009 e 2012, a taxa de desemprego do país evoluiu de 9% para 12%. Já o crescimento económico situou-se em 1,8 pontos percentuais no ano passado, depois de 1,7% de 2011.
Recuperação
Com um provável crescimento económico lento este ano, prevê-se um impacto negativo sobre a recuperação da economia e a situação social. As projeções oficiais apontavam para o dobro do crescimento em 2012/2013 para 3,9%.
O fenómeno é atribuído às incertezas políticas e económicas que levaram a uma redução da renda do turismo e à falta de visibilidade entre os investidores que têm retirado ou adiado os seus projetos.
Exportações
Mas o estudo aponta para um aumento da atividade na maior parte das indústrias egípcias, embora as exportações tenham abrandado em 0,5%. A demanda doméstica moveu o crescimento ao contribuir com 5,1%.
As previsões económicas são consideradas “bastante incertas” devido à instabilidade política e à violência, aliadas ao crescente deficit público e à sustentabilidade do sistema de subsídios.
A capital do país, Cairo tem cerca de 3,5 milhões de pobres e afetados pela insegurança alimentar que é considerada a maior concentração do país. Já na zona rural, os índices de pobreza afetam 51,5% da população.
Para a ECA, o cenário ideal seria o fim da violência com uma transição política curta associada a um consenso forte entre os diferentes atores. Tal entendimento é tido como a principal alavanca para reformas económicas sonantes e um forte crescimento impulsionado por ajudas para a recuperação.
Parceiros
A economia também deverá ser “altamente sensível” a fatores que incluem a evolução dos preços dos alimentos e do petróleo e a integração regional em África e nos países árabes.
São igualmente considerados a situação económica dos principais parceiros do Egito, como a Europa e os países do Golfo, as consequências sobre o investimento direto estrangeiro, as remessas e a demanda externa.