Coreia do Norte pune cidadãos por assistirem a novelas e terem religião
Declaração foi feita pelo presidente da Comissão de Inquérito sobre Direitos Humanos no país asiático, Michael Kirby; segundo ele, telespectadores e fiéis sofreram torturas e foram presos pelas “infrações.”
Mônica Villela Grayley, da Rádio ONU em Nova York.
Uma Comissão de Inquérito da ONU que apura a situação dos direitos humanos na Coreia do Norte afirmou que autoridades do país estão punindo pessoas por assistirem a novelas e por terem uma religião.
A declaração foi feita durante um debate interativo, nesta terça-feira, em Genebra na Suíça.
Familiares
O presidente da Comissão, Michael Kirby, disse que ouviu os relatos sobre punições com tortura e detenções de cidadãos norte-coreanos comuns que assistiam a novelas e professavam um credo religioso.
Em outros casos, mulheres e homens que deixaram a Coreia do Norte foram repatriados à força. Ao retornar eles foram vítimas de tortura, violência sexual e tratamento desumano.
Parentes dos sequestrados na Coreia do Norte e no Japão falaram ainda da agonia em que vivem desde que os familiares foram levados por agentes norte-coreanos.
Trabalho Forçado
Sobreviventes de campos de detenção e trabalho forçado contaram que passaram fome na infância e foram vítimas de “atrocidades impronunciáveis.”
Além disso, muitos familiares foram punidos também pelo fato de estarem associados aos detentos. Os testemunhos foram coletados em Tóquio, capital do Japão, e em Seul, capital da Coreia do Sul durante o mês de agosto.
Ao assumir a palavra, o representante da Coreia do Norte, Kim Yong Ho disse que seu país rejeita as acusações do relatório, e que elas foram “fabricadas por forças hostis que querem sabotar o sistema socialista.”
Mudança de Regime
Segundo o representante norte-coreano, os casos mencionados não existem em seu país e foram inventados por indivíduos “da União Europeia, do Japão e dos Estados Unidos interessados em ações hostis contra o governo norte-coreano” por uma mudança de regime.
Participaram ainda do debate interativo cerca de 25 países incluindo Alemanha, China, Cuba, Irã e Nova Zelândia.