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Inspetores confirmam que armas químicas foram usadas na Síria BR

Inspetores confirmam que armas químicas foram usadas na Síria

Em relatório entregue ao Conselho de Segurança, nesta segunda-feira, Secretário-Geral disse que gás sarin foi usado no ataque de 21 de agosto nos arredores de Damasco; equipe entrevistou mais de 50 sobreviventes e profissionais de emergência além de coletar amostras de sangue, urina e capilar.

Mônica Villela Grayley, da Rádio ONU em Nova York.

Um relatório das Nações Unidas confirmou que o ataque de 21 de agosto a civis moradores dos arredores de Damasco foi praticado em larga escala com gás sarin.

A declaração foi feita pelo Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, ao Conselho de Segurança, nesta segunda-feira, durante reunião em Nova York.

Amostras

Ban apresentou ao Conselho as conclusões do relatório dos inspetores de armas que coletaram amostras e materiais dos locais do ataque na Síria além de entrevistar mais de 50 sobreviventes e pessoal de saúde e emergência.

O chefe da ONU revelou ainda que as amostras capilares, de sangue e de urina foram levadas para quatro laboratórios que chegaram à conclusão do uso do gás. Além disso, os inspetores da ONU também analisaram amostras do solo e de munições encontradas no local do ataque.

Os sobreviventes contaram aos inspetores de armas que após um bombardeio com morteiros, eles começaram a sentir falta de ar, convulsões, desorientação, irritação nos olhos e visão embaçada. Outros sintomas registrados foram náusea, vômitos e uma fraqueza generalizada.

Médicos e Enfermeiros

Muitos perderam a consciência. O pessoal da saúde e de emergência que chegou ao local do ataque disse que muitas vítimas estavam deitadas no chão mortas ou desmaiadas.

A missão de inspetores da ONU, liderada pelo professor Ake Sellström, entrevistou nove enfermeiros e sete médicos, alguns deles foram os primeiros a chegar ao local do ataque.

Ban lembrou que o trabalho dos inspetores não foi fácil, e que logo no primeiro dia, eles foram alvos de um franco-atirador.

Os inspetores descobriram ainda que devido às condições do tempo no dia 21 de agosto nos arredores de Damasco, o gás sarian penetrou com mais rapidez nos porões e andares mais baixos dos prédios e outros lugares que estavam abrigando as pessoas do bombardeio. Entre 2 e 5 da tarde, houve uma baixa da temperatura local.

Sistema Nervoso

As amostras biomédicas foram tomadas de 34 a 36 pacientes que apresentaram os sinais de envenenamento. Quase todos acusaram o gás sarin. No caso dos exames de sangue, havia traços de gás sarin em 85% dos sobreviventes. A maioria das amostras de meio ambiente como de solo confirmou o gás, que afeta o sistema nervoso.

A maioria dos foguetes e outros fragmentos de explosivos continha gás sarin. A Missão da ONU concluiu que “há provas contundentes que os foguetes terra-a-terra usados no ataque continham sarin. Eles foram lançados em Ein Tarma, Moadamiyah e Zalmalka em Ghouta, nos arredores de Damasco.

Por questões de segurança e logística, a equipe não conseguiu estabelecer o número exato de mortos devido ao ataque.

Instrumento de Guerra

Para Ban Ki-moon, os fatos falam por si. Ele disse que a missão vai retornar à  Síria para completar o trabalho de investigação sobre um outro ataque em Khan al Assal, no início do ano, e preparar um relatório final.

Ban disse aos países do Conselho de Segurança que o uso de armas químicas é uma grave violação das leis internacionais e um crime de guerra, com base no Protocolo 1925.

O chefe das Nações Unidas declarou que espera que o Conselho possa se juntar a ele para condenar o crime abominável. Ele disse que a comunidade internacional tem a responsabilidade de levar os autores do ataque à justiça e de garantir que armas químicas jamais possam ser usadas de novo como instrumento de guerra.

Clique aqui para ler o relatório em inglês.