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Síria: chefe de direitos humanos da ONU alerta para impacto de resposta militar

Síria: chefe de direitos humanos da ONU alerta para impacto de resposta militar

No Conselho que zela pela área, Navi Pillay disse haver circunstâncias e responsabilidades por esclarecer sobre o uso de armas químas; desencorajada ameaça externa do uso da força militar e fornecimento de armas aos rebeldes sírios.

Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.

A alta comissária para os Direitos Humanos da ONU pediu aos países com influência sobre as partes do conflito sírio que encontrem uma forma urgente de trazer as partes à mesa de negociações e interrompam o derramamento de sangue. Para Navi Pillay as ações devem ocorrer juntamente com as Nações Unidas.

A responsável disse que nem a ameaça externa do uso da força militar, nem a continuidade do fornecimento de armas aos rebeldes podem trazer a paz ao país do Médio Oriente.

Resposta Militar

Ao discursar, esta segunda-feira, na abertura do Conselho de Direitos Humanos, em Genebra, Pillay disse que tais abordagens poderiam inflamar um conflito regional.

Ela afirmou que o sofrimento da população civil da Síria já atingiu níveis inimagináveis, e que as ações poderiam resultar em muito mais mortes além da miséria ainda mais generalizada.

Medidas Concretas

A chefe dos Direitos Humanos disse que não há saídas fáceis nem via óbvia para o fim do que chamou pesadelo, além da negociação imediata de medidas concretas para acabar com o conflito. Segundo disse,  a comunidade internacional está muito atrasada para tomar medidas conjuntas sérias para deter a espiral descendente que assola a Síria, que mata os seus habitantes e destroi as suas cidades.

Pillay recordou que o número de mortos ultrapassou os 100 mil durante os mais de dois anos do conflito que opõe forças governamentais e da oposição.

Milhões de Deslocados

Conforme referiu, a abertura da sessão do Conselho tinha lugar na semana seguinte à do aumento do número de refugiados para 2 milhões, além dos 4,2 milhões de deslocados no interior da Síria.

Para Pillay, o momento não é para que o que chamou “Estados poderosos” continuarem a discordar sobre o caminho a seguir ou em interesses geopolíticos em substituição da obrigação legal e moral de salvar vidas, ao trazer o conflito ao fim.

Armas Químicas

A representante acrescentou que acampamentos dos países vizinhos continuam a tentar lidar com a pressão de deslocados, a poucos meses do inverno.

De acordo com Pillay, há certas dúvidas sobre o uso de armas químicas na Síria, apesar “de circunstâncias e de responsabilidades ainda precisarem de ser esclarecidas.”

No seu pronunciamento, Navi Pillay também manifestou-se alarmada com a contínua violência no Egito e no Iraque, além da persistente repressão sobre defensores dos direitos humanos e manifestantes pacíficos no Bahrein.