Acnur relata abandono de vilas e abusos na República Centro-Africana
Agência registou 3 mil pessoas numa área antes habitada por cerca de 160 mil até março; moradores contam que violência pode ter sido em retaliação a confrontos com grupos de autodefesa no mês passado.
Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.*
O Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados, Acnur, disse ter-se deparado com aldeias centro-africanas incendiadas e abandonadas além de provas de violação generalizada dos direitos humanos.
As populações contaram que homens armados perpetraram atos como agressões físicas, extorsão, pilhagem, detenções arbitrárias e tortura na vila de Paoua, situada 500 km ao norte da capital, Bangui.
Retaliação
Em nota, emitida esta sexta-feira, em Genebra, a agência citou habitantes locais como tendo dito a vários dos seus funcionários que as ações podem ter sido para retaliar confrontos com grupos de autodefesa, ocorridos em agosto.
Até esta quarta-feira, 3 mil pessoas fugidas foram registadas pelo Acnur na área que era habitada por cerca de 160 mil pessoas antes da tomada do poder da aliança Seleka, em março.
Civis e Homens Armados
Após a visita, que incluiu representantes do Escritório da ONU para Assuntos Humanitários, o Acnur apontou como maior preocupação os civis que estão à mercê dos indivíduos armados.
De acordo com os funcionários humanitários, os moradores de sete aldeias queimadas, e de uma outra parcialmente afetada, vivem escondidos nas matas.
Longe das Estradas
Para a sua segurança, optam por regressar às suas casas somente durante o dia, ficando durante o outro período longe das estradas para evitar que sejam detetados. Durante a fuga, estão expostas a situações de dificuldade devido às chuvas.
A insegurança torna difícil definir o número de pessoas em fuga, devido às restrições do acesso. Com a eclosão da violência no mês passado, considera-se que milhares tenham deixado as suas casas.
Países Vizinhos
Desde dezembro, os combates e a violência fizeram pelo menos 206 mil deslocados na República Centro-Africana, com uma parte a fugir para os países vizinhos com destaque para o Chade.
Em Paoua, decorre a distribuição de suprimentos como lonas, redes mosquiteiras e utensílios de cozinha. O Acnur pediu às autoridades da República Centro-Africana e aos grupos armados que protejam os civis, e assegurem o aceso das agências humanitárias aos carenciados.
*Apresentação: Denise Costa.