ONU lamenta uso da força para responder aos protestos no Cairo
Secretário-Geral diz estar ciente de que maioria egípcia está cansada dos problemas causados pelas manifestações e contramanifestações; serviços de segurança retiraram violentamente manifestantes de acampamentos.
Edgard Júnior, da Rádio ONU em Nova Iorque.*
A opção das autoridades pelo uso da força para responder aos contínuos protestos no Egito foi deplorada pelo Secretário-Geral das Nações Unidas.
Em nota, Ban Ki-moon condena veementemente a violência desta quarta-feira no Cairo, aplicada quando os serviços de segurança retiraram os manifestantes de dois acampamentos montados na capital do país.
Confrontos
O responsável disse que decorre a recolha de informações precisas sobre os acontecimentos, quando relatos apontam para a morte de centenas de pessoas e o ferimento de outras em confrontos entre as forças de segurança e os manifestantes.
Agências noticiosas referem que simpatizantes do presidente Mohammed Morsi ocuparam a praça Nahda e uma área próxima da mesquita de Rabaa al-Adawiya, no Cairo, desde que o antigo líder foi deposto em julho.
Nova Realidade
De acordo com as informações, mais de 250 pessoas morreram em confrontos com as forças de segurança nas últimas seis semanas.
O pronunciamento do Secretário-Geral surge dias depois de ter lançado um apelo a todos os setores para que reconsiderassem as suas ações perante a nova realidade política nacional com vista a evitar mais mortes.
O chefe da ONU disse saber que a grande maioria dos egípcios está cansada dos problemas causados pelas manifestações e contramanifestações, tendo apontado que o povo quer o avanço pacífico do país em direção à prosperidade e à democracia.
Ban pediu aos egípcios que concentrem os esforços para promover uma reconciliação inclusiva.
Desafios
Ao reconhecer que o relógio político não tem como voltar atrás, o Secretário-Geral acredita que a violência e o incitamento, de qualquer parte, não são as respostas aos desafios que o Egito tem pela frente.
Ban considera importante que as visões diferentes sejam expressas com respeito e de forma pacífica, ao ter lamentado que tal não tenha acontecido nesta quarta-feira.
*Apresentação: Denise Costa.