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ONU celebra Dia Internacional da Juventude com foco na migração

ONU celebra Dia Internacional da Juventude com foco na migração

Diretor da OIT aborda contexto dos países lusófonos para defender sistema homogéneo de carreiras; mais de 12% dos jovens entre os 15 e 24 anos são migrantes.

Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.

O Dia Internacional da Juventude, assinalado neste 12 de Agosto, é celebrado este ano com foco na migração. Apelos para os países de origem e de acolhimento foram lançados por várias agências das Nações Unidas para marcar a data.

De acordo com o Fundo da ONU para a População, Unfpa, mais de 12% dos jovens de idades entre os 15 e os 24 anos cruzam atualmente as fronteiras dos seus países, num fenómeno com “rosto feminino e jovem.”

Oportunidades

Para a agência, a saída dos jovens migrantes visa a busca de novas oportunidades, maior liberdade das tradições e normas locais bem como a possibilidade de afirmar a sua própria identidade.

A Organização Internacional do Trabalho, OIT, revelou que 27 milhões de jovens migrararam dos seus países em 2010. A agência indica que, paralelamente às oportunidades, a migração pode representar riscos e levar a situações inaceitáveis incluindo à discriminação e à exploração

Harmonização

Falando à Rádio ONU, O diretor-adjunto da agência em Nova Iorque, Vinicius Pinheiro, recorreu ao fluxo de jovens migrantes nos países de língua portuguesa para abordar possíveis soluções para a padronização de carreiras.

“Um trabalhador da África que vai para a Europa ou, ao contrário, na verdade o que se tem principalmente nos países de língua portuguesa é que muitos jovens de Portugal estão saindo para o Brasil ou para países africanos de língua portuguesa. Então, é importante que haja um reconhecimento dos currículos. Uma homogenização ao processo que pode acontecer, inclusive, ao nível da Cplp em que as competências sejam reconhecidas. Um médico português deve ter o diploma reconhecido nos países de língua portuguesa e vice-versa, mesmo para o dentista, para o engenheiro e outros num processo que facilita e pode trazer enormes ganhos económicos”, referiu

Destino

O Unfpa destaca que através da migração, adolescentes e jovens contribuem significativamente tanto para os países de origem como para os de destino.

É igualmente referido o “imenso  potencial da migração juvenil para construir pontes sociais, económicas e culturais de cooperação e entendimento entre as sociedades.”

Condições

O fluxo Sul-Norte representa um terço do fenómeno a nível internacional, diz a OIT. Para o Fnuap, quando a migração de jovens ocorre em condições de liberdade, dignidade, igualdade e segurança pode impulsionar o desenvolvimento económico e social nas nações envolvidas.

Mas a agência alerta para o facto de vários migrantes jovens serem “presas fáceis e muitas vezes ficarem retidos em tarefas de exploração e de abuso, incluindo o trabalho forçado. O outro desafio é o de se “tornarem bodes expiatórios para as falhas dos sistemas económicos e sociais.”

Esforços

Aos  países de origem foi recomendado que intensifiquem os esforços para fornecer informações anteriores à partida, formação regular e monitorização da execução de práticas de recrutamento.

Aos países de acolhimento a recomendação é que empreendam com vista a  garantir um tratamento igual aos acolhidos “e o gozo dos mesmos direitos concedidos a qualquer outro trabalhador."

O Unfpa destaca que apesar dos números, os jovens migrantes são invisíveis em debates e políticas de migração internacional. Para maximizar os benefícios potenciais de desenvolvimento das migrações, a agência considera essencial que sejam incluídos os jovens migrantes no discurso do desenvolvimento.