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Acnur revela contornos da violência sexual no leste da RD Congo

Acnur revela contornos da violência sexual no leste da RD Congo

Agência acredita no aumento do perigo para mulheres com o reacender de confrontos nas últimas semanas; registos indicam que 16% das vítimas são homens.

Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.

A violência sexual está em ascensão na província de Kivu Norte no leste da República Democrática do Congo, RD Congo. O  anuncio foi feito, esta terça-feira, pelo Alto Comissariado da ONU para Refugiados, Acnur.

Desde janeiro, equipas da agência registaram 705 casos de violência sexual, incluindo 619 episódios de estupro. Entre as vítimas estão 288 menores e 43 homens. De acordo com o Acnur, muitos casos de violência sexual ocorridos na região não foram reportados.

Homens Armados

Falando a jornalistas, em Genebra, a porta-voz da agência, Fatoumata Lejeune-Kaba disse que grande parte dos atos envolve elementos armados. Desde o início do ano, um total de 434 casos envolveu tais elementos.

Segundo referiu, a preocupação é com os confrontos entre os rebeldes ugandeses do ADF e o Exército, bem como com os novos combates entre o Forças Armadas congolesas e os rebeldes M23 em Goma, a capital provincial do Kivu do Norte.

Homens violados

A responsável alertou para o potencial de aumento do perigo para as mulheres na região, devido às fricções que decorrem nas últimas duas semanas. Entre os possíveis alvos estão habitantes de acampamentos.

O Acnur refere, que além de desalojar mais civis, o conflito recorrente expõe um número crescente de mulheres, meninas e homens ao estupro.

Polícia

A agência anunciou que trabalha em estreita colaboração com outras organizações humanitárias e as autoridades para o reforço do controlo da violência sexual. A ações incluem a formação da polícia para dar resposta e fazer a gestão dos casos de estupro.

No contacto com civis, o Acnur diz ter sido que muitas vezes a violência sexual é uma forma de represália e punição. Os autores usam o recurso para “castigar as pessoas por considerare que estas estariam a apoiar as fações rivais, agindo base em presunções.”

Relatos

Para a agência, “elementos do Exército congolês estariam envolvidos na violência sexual assim como integrantes de grupos armados rebeldes.”

Conforme defende, se por um lado há muitas pessoas que relatam os casos de violência sexual de que foram vítimas, é ainda muito difícil para elementos dos dois sexos falarem dos casos.

Aumento

A agência aponta abril de 2012 como período em que o Kivu Norte foi marcado pelo aumento da violência generalizada.

Durante vários meses, a zona esteve pacífica o que permitiu a volta de refugiados, mas com a retomada da violência, a região parece ter retornado aos anos anteriores.