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Problemas psicológicos afetam migrantes fugidos da Líbia para o Egito

Problemas psicológicos afetam migrantes fugidos da Líbia para o Egito

Após escapar da insegurança, afetados não podem permanecer legalmente ou ser reassentados  em outro país; Acnur diz que situação é vivida pela maioria dos 900 refugiados e 350 requerentes de asilo.

Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.*

O Alto Comissariado para Refugiados, Acnur, disse estar preocupado com o estado de centenas de cidadãos que não podem receber assistência devido ao seu estatuto indefinido na fronteira entre o Egito e a Líbia.

No acampamento de Salloum foram identificados casos de problemas psicológicos como depressão, ansiedade e insónia. Os relatos registados pela agência apontam também para tentativas de suicídio.

Impossibilidade

Os afectados são pessoas que estão no considerado “limbo legal” pela impossibilidade de permanecerem ou serem reassentados num outro país. Grande parte dos 900 refugiados e 350 requerentes de asilo vive na situação há cerca de dois anos.

O grupo, que também integra ex-migrantes de várias origens, estava abrigado na Líbia antes dos protestos que culminaram com a queda do regime do antigo líder, Muammar Kadafi em 2011.

A sua fuga para a área deveu-se à violência que se seguiu ao movimento ocorrido em vários Estados da região, que ficou conhecido como Primavera Árabe.

Abusos

Os casos protagonizados por requerentes de asilo incluem abuso verbal e físico contra equipas médicas, de distribuição alimentar ou de proteção do Acnur.

Os responsáveis não tiveram registo por terem chegado depois de dezembro. Na altura, as autoridades egípcias pediram que a agência não registasse pessoas chegadas a Salloum à busca do estatuto de refugiado. Sem o procedimento, as pessoas que continuam a chegar, não têm direito a qualquer tipo de assistência como refeições diárias.

Países Terceiros

Para desencorajar a entrada de candidatos a asilo o Egito, interditou que fosse recomendada qualquer pessoa que pretendesse reassentamento no acampamento depois de 23 de outubro de 2011.

Até ao momento, o Acnur refere que cerca de 900 refugiados de Salloum foram enviados para países terceiros.

*Apresentação: Denise Costa.