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Aumenta o uso de cocaína no Brasil, aponta relatório do Unodc BR

Aumenta o uso de cocaína no Brasil, aponta relatório do Unodc

Apreensão de cannabis no país também cresceu nos últimos anos; agência da ONU observa aumento “alarmante” de novas substâncias psicoativas no mundo.

Leda Letra, da Rádio ONU em Nova York. 

O Escritório da ONU sobre Drogas e Crime, Unodc, está lançando nesta quarta-feira o Relatório Mundial sobre Drogas 2013. Enquanto o uso de drogas tradicionais no mundo é estável; no Brasil, aumenta o uso de cocaína.

Segundo o documento, um estudo feito entre estudantes universitários em todas as capitais do país mostrou que a prevalência anual do uso de cocaína entre esses jovens era de 3%, bem acima da média estimada entre a população geral, de 1,75%. A prevalência entre adultos da América do Sul é de 1,3%.

Motoristas

Um outro estudo feito com mais de 3,3 mil motoristas brasileiros descobriu que 4,6% tinham no sangue alguma substância ilícita. Em quase 40%, o teste foi positivo para cocaína e em 32%, positivo para o cannabis.

Mais da metade da cocaína apreendida no Brasil em 2011 era proveniente da Bolívia, seguida por Peru e Colômbia. O estudo destaca que o país é ponto de trânsito da cocaína traficada que segue para a África e a Europa.

Laços Linguísticos e Culturais

A agência da ONU acredita que os “laços linguísticos e culturais” com Portugal e países lusófonos africanos têm papel importante, já que a maior parte das remessas de cocaína apreendidas em Portugal eram provenientes do Brasil.

O Unodc afirma que a erva cannabis continua sendo a substância ilícita mais utilizada no mundo. O Brasil apreendeu grandes quantidades da erva em 2011: 174 toneladas, o terceiro aumento consecutivo. No mesmo ano, o país também apreendeu 70 kg de ecstasy, a maior apreensão desde 1987.

Novas Drogas

O Relatório Mundial sobre Drogas fala em um “aumento alarmante” de novas substâncias psicoativas, NSP, no mundo todo, que são comercializadas como “drogas lícitas” ou “designer drugs”.

O Unodc está pedindo ação para impedir a fabricação, o tráfico e abuso dessas substâncias, que não passam por testes de segurança e podem ser compradas até na internet. Essas substâncias ainda não estão sob controle internacional.

Houve aumento de mais de 50% nos tipos dessas substâncias, que hoje já são mais de 250.

O Brasil também já relatou o surgimento das NSP, como a benzidamina, um analgésico para inflamações de garganta, que é usado indevidamente em doses elevadas no país. O medicamento atua no sistema nervoso central causando alucinações.