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ONGs querem maior divulgação sobre prevenção e cuidados da hepatite C BR

ONGs querem maior divulgação sobre prevenção e cuidados da hepatite C

Segundo especialistas, 90% das pessoas que têm o vírus não sabem de seu estado real; Fundo Mundial da Hepatite foi lançado em cerimônia em Nova York.

Edgard Júnior, da Rádio ONU em Nova York.

Várias organizações não-governamentais do Brasil querem promover maior divulgação sobre a hepatite C, uma doença que não apresenta sintomas, mas que mata 12 pessoas por dia no país.

A informação foi dada por Francisco Martucci, presidente da ONG “C” Tem Que Saber “C” Tem Que Curar, em entrevista à Rádio ONU.

Informação

Carlos Varaldo, presidente da ONG Grupo Otimismo do Rio de Janeiro e Humberto Silva, presidente da Associação Brasileira dos Portadores de Hepatites também participaram da conversa.

Varaldo falou sobre a importância da informação e da conscientização sobre a doença.

“Nós temos um grande problema no Brasil e no mundo, 90% dos infectados não sabem que tem hepatite. Para conseguir a cura, é necessário o diagnóstico. Então, a campanha que se faz dentro dos estádios é, basicamente, para alertar a população na próxima consulta médica, solicitar o teste de hepatite. Porque o hemograma não mostra se você tem hepatite. A hepatite C não tem sintomas.”

Campanha

Segundo Varaldo, os Estados Unidos já despertaram para o problema. O Centro americano para o Controle de Doenças,

Carlos Varaldo, presidente do Grupo Otimismo do Rio de Janeiro. Foto:ONU CDC, iniciou campanha de alerta para identificar 800 mil pessoas infectadas com o vírus do tipo C até o fim de 2014.

Ele afirmou que um em cada quatro doentes vai desenvolver cirrose e câncer. Eles morrem, geralmente, aos 57 anos.

Testes

Chico Martucci comentou a campanha da sua ONG para testar os funcionários da construção civil brasileiros que trabalharam nas obras dos 12 estádios que servirão de sede para a Copa do Mundo de 2014.

“Testamos os funcionários com mais de 40 anos, com o objetivo de medir a prevalência dessa assassina e silenciosa doença chamada hepatite C, na população da construção civil. Foram feitos 17 mil testes com uma prevalência de 1,35%, 230 pessoas tiveram seus casos alterados, não sabiam que tinham a hepatite C. A detecção tardia é o que causa muitos óbitos por dia, no Brasil e no mundo.

Francisco Martucci lembrou ainda que os testes continuam sendo feitos agora durante a Copa das Confederações. A ONG está realizando exames em 3 mil voluntários de seis estádios que sediam os jogos até o dia 30 deste mês.

Martucci afirmou que esses testes vão continuar até a Copa do Mundo do ano que vem.

Visão

Humberto Silva, presidente da Associação Brasileira de Portadores de Hepatites. Foto: ONU. Humberto Silva disse à Rádio ONU que o Fundo Mundial da Hepatite, lançado aqui em Nova York, vai olhar o lado da pessoa que tem a doença.

“Esse é um fundo que expressa a visão do paciente. A hepatite C é uma doença sui generis, ela é diferente de qualquer outra que se manifeste por aí, justamente porque ela não se manifesta. E quando a pessoa recebe o primeiro anúncio da doença, ela já está totalmente agredida no seu fígado, por ela. Então, essa é justamente a preocupação e a missão do Fundo Mundial da hepatite, fazer pelo lado do paciente.”

Silva afirmou que a hepatite C está caminhando para alcançar 100% de tratamento com bons resultados dos pacientes. O problema é como tratar dessas pessoas que nem sabem que têm a doença.

Segundo os representantes das Ongs, é necessário que os países adotem a hepatite C como uma ação estratégica de governo.