Ministro de Cabo Verde diz que fosso digital emperra desenvolvimento

Para o titular da pasta da Cultura, Mário Lúcio Sousa, África tem que ser inteiramente conectada à tecnologia de informação para alavancar o rico potencial da economia criativa do continente.

Mônica Villela Grayley, da Rádio ONU em Nova Iorque.

O governo de Cabo Verde defende uma conexão digital para toda a África para deslanchar o grande potencial da economia criativa do continente. A declaração é do ministro cabo-verdiano da Cultura, Mário Lúcio Sousa.

Em entrevista à Rádio ONU, Sousa afirmou que a era digital modifica padrões já estabelecidos por séculos e séculos na forma de fazer comércio. O governante cabo-verdiano disse ainda que a área representa uma grande fonte da economia criativa.

Escultura

“Hoje no mundo, se você colocar o acesso à internet lá no fundo do fundo da África, ele vai dizer: ‘eu não preciso que ninguém mais venha aqui me dizer o que eu tenho que vender, eu faço uma escultura e boto na internet.’ E você descobre no mundo todo, e a escultura chega a sua casa. É esta a relação: antes, nós construíamos pontes, esta ponte já é velha para a nova era. Hoje em dia o bridge, ele é virtual.”

Para o ministro Mário Lucio Sousa, a falta de conexão que ainda existe em África, hoje em dia, não deve perdurar por muito tempo. Para ele, a conexão de todos os povos africanos à internet é apenas uma questão de vontade política.

Escravatura

“Mas a exclusão, o que eu mostrei no meu discurso, a exclusão não é uma coisa que acontece por azar. A exclusão é planificada, a escravatura foi feita planificada, a supressão da cultura foi planificada porque esta parte que não está conectada, ela pode ser conectada amanhã porque já existe energia solar, já tem satélite, já tem computador, já tem tudo. Só que o acesso ainda não lhes foi dado.”

Mário Lúcio Sousa falou à Rádio ONU durante sua participação no encontro de alto nível das Nações Unidas sobre o papel da cultura no desenvolvimento pós-2015.