Produção alimentar deve desacelerar nos próximos 10 anos, diz estudo
Estudo apoiado pela FAO indica que economias em desenvolvimento devem liderar aumento da produção mundial da carne; preços globais devem subir até 40%, caso ocorra uma seca similar à de 2012.
Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.*
O crescimento anual da produção alimentar global deve desacelerar na próxima década para 1,5%, refere um novo estudo publicado, esta quinta-feira, em Pequim.
A contribuir para a tendência está a expansão limitada de terras agrícolas, o aumento dos custos de produção além das crescentes restrições de recursos e pressões ambientais.
Cooperação
Entre 2003 e 2012, a produção aumentou 2,1%, diz a Organização da ONU para Agricultura e Alimentação, FAO, e a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico, Ocde.
Quanto à distribuição do abastecimento dos bens básicos, o documento defende que deve ser mantido o ritmo de resposta à demanda global.
Os riscos apontados pelo relatório são os estoques continuamente baixos de alimentos nos principais países produtores e consumidores, que podem aumentar a ameaça da volatilidade dos preços.
Aumento de Preços
As “Previsões Ocde-FAO para a Agricultura 2013-2022” também apontam para um aumento dos preços globais, entre 15% a 40%, a ser causado por uma eventual seca generalizada como a do ano passado.
A China deverá manter-se autosuficiente quanto às principais culturas alimentares, mas pode vir a reduzir a produção devido às restrições de recursos como terra, água e trabalho rural durante a próxima década.
Prevê-se que o país, com um quinto da população do mundo, registe um grande crescimento em rendimentos e uma rápida expansão do setor agroalimentar que terá grande influência nos mercados mundiais.
Crescimento Populacional
Devido ao crescimento populacional, a Europa Oriental e a Ásia Central terão o maior consumo de bens básicos, seguidos pela América Latina e outras economias asiáticas.
O fenómeno também será impulsionado por factores como rendimentos mais elevados, urbanização e mudança de dietas alimentares nos países.
Fosso
O relatório destaca que o investimento em seus setores de produtividade agrícola nos países em desenvolvimento deve diminuir o fosso com as economias avançadas.
Espera-se que as economias em desenvolvimento sejam responsáveis por 80% do crescimento da produção mundial da carne, além de beneficiar da maior parte do crescimento do comércio ao longo dos próximos 10 anos.
Ameaças
A liderança dos países deve-se estender à exportação mundial de produtos como grãos, arroz, oleaginosas, óleo vegetal, açúcar, carne bovina, frango e peixe até 2022.
Entretanto, a segurança alimentar global deve continuar ameaçada pela escassez da produção, volatilidade dos preços e perturbação do comércio, avanças as previsões.
*Apresentação: Denise Costa.