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Com apoio da ONU, Haiti cria sistema contra violência à mulher BR

Com apoio da ONU, Haiti cria sistema contra violência à mulher

Rede de auxílio foi criada com o acompanhamento da Minustah; boinas-azuis mulheres vão a campos de deslocados conversar com vítimas de abusos.

Damaris Giuliana, enviada especial ao Haiti.* 

De acordo com a Polícia das Nações Unidas, Unpol, a violência doméstica e sexual é um problema grave e histórico no Haiti. Até pouco tempo, o medo impedia as mulheres de denunciar e as que procuravam apoio às vezes não recebiam ajuda.

A Missão de Estabilização da ONU no país, Minustah, está ajudando a mudar a situação. Atualmente, existe uma rede de auxílio, que oferece apoio médico e psicológico e investiga os casos para levar os suspeitos a julgamento.

Deslocadas Internas

O trabalho tem sido intensificado nos campos de deslocados, onde mulheres e meninas são as mais vulneráveis. Policiais mulheres da ONU estão aumentando o número de visitas aos locais. Em janeiro, as boinas-azuis estiveram nos campos 114 vezes e em abril, o número subiu para 247.

De Porto Príncipe, a policial brasileira Virgínia Lima descreve o trabalho de ajuda às vítimas de abuso sexual.

“Nós vamos até o campo onde ocorreu a violência, pegamos a vítima, levamos a um hospital de Cité Soleil, que é o hospital que nós temos a maior facilidade por conta da equipe de psicólogas e de médicas. Se ela desejar ir até uma delegacia pra fazer o registro dessa ocorrência, a gente acompanha também”.

Segurança

Segundo a boina-azul Virgínia Lima, no hospital, as mulheres recebem medicamentos para evitar doenças sexualmente transmissíveis e gravidez. A Minustah também atua na prevenção da violência, realizando palestras e patrulhas nos campos de deslocados.

Patrulha em campo de deslocados. Foto: Damaris Giuliana No Dia Internacional dos Boinas-Azuis, neste 29 de maio, a ONU está destacando o trabalho desses profissionais para a garantia da segurança e estabilidade de países em conflitos.

Academia de Polícia

No Haiti, atuam 10 mil policiais, mas o desafio para o país e a ONU é alcançar a meta de 15 mil profissionais. No ano passado, 16 mil candidatos participaram da primeira fase de seleção, mas só 239 concluíram o curso da Academia de Polícia.

Segundo o vice-comissário da Polícia das Nações Unidas no Haiti, Unpol, Serge Therriault, ampliar a capacidade da polícia requer treinamento, orçamento, infraestrutura e apoio operacional.  

O vice-comissário da Unpol destaca também a importância da inclusão feminina, mas explica que “na cultura haitiana, muitas mulheres não buscam a carreira policial porque os pais não apoiam ou não veem a polícia como um lugar para mulheres”.

Ele acredita que mudando a percepção dos pais, será possível aumentar o recrutamento de mulheres na Polícia Nacional Haitiana.

*Apresentação: Leda Letra, com reportagem do Unic-Rio.