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Jogos Inter-Agências da ONU marcam aniversário com mais de 800 atletas

Jogos Inter-Agências da ONU marcam aniversário com mais de 800 atletas

Funcionários da organização juntam-se, a cada ano, durante quatro dias com o objectivo de promover o desportivismo e a solidariedade; nos Jogos Inter-Agências competem equipes de basquetebol, futebol e natação. Evento ocorreu no fim de abril, na Espanha.

Miguel Caldeira, da Rádio ONU em Castellón, Espanha.

Os Jogos Inter-Agencias da ONU já se realizaram um pouco por toda a Europa. Este ano, a Espanha foi o país que deu as boas-vindas a mais de 800 funcionários das várias agências da organização que decidiram trocar o uniforme humanitário pelo fato-de-treino.

Os atletas são amadores no desporto, mas profissionais sérios a promover o respeito pela diversidade e solidariedade.

Espírito

Do Brasil vieram quatro jogadores. Paulo Selveira já participa há vários anos no torneio de futebol. Gosta de ganhar, mas regressa sempre pelo espírito desta iniciativa que, por alguns dias, ajuda a esquecer os problemas que o mundo enfrenta.

“ O espírito de harmonia e alegria dos jogos é incrível. Aqui o respeito pela diversidade e a harmonia do desporto mostra que podemos superar tudo”, diz.

Ewerton Barbosa também veio de Brasília para se juntar à equipa de futebol. Muitas horas de voo entre a capital do Brasil e a Europa. Um sacrifício que diz valer sempre a pena. O nome do Brasil tem fama de campeão nestes jogos e neste desporto. E este ano a equipa sabe que tem uma tarefa difícil pela frente depois de ter conquistado o campeonato na edição anterior.

Taça

“ Este ano, viemos defender o título que conquistámos no ano passado em Biarritz, confiamos na nossa equipa e tenho expectativa que seremos campeões de novo e subiremos ao palco para receber a taça!”

No campo, a equipa joga bem. Ganha 5 jogos e passa à final. Aos quatro brasileiros, juntam-se jogadores de Portugal, Espanha, México, Senegal e Haiti. Representam a Unesco e o Unicef. Dentro do campo contagiam com a alegria do golo. Antes de cada jogo adeptos, organizadores, árbitros e adversários juntam-se a este grupo que distribui sorrisos. A equipa joga sem bola, ao som de samba e todos estão convidados para dançar.

Guardaredes defende lance da equipa adversária Samba

Para Paulo Selveira o samba tinha de vir na bagagem: “com quatro brasileiros na equipa, o samba não podia faltar! O samba é muito importante para trazer alegria”. Ewerton Barbosa considera que a música tira o melhor de cada pessoa: “a música mexe com tudo! Faz com que tenhamos uma adrenalina melhor e concentrar-se melhor!”

Depois da música, Amarildo Almeida, um avó de três netos, faz uma oração no balneário onde reúne jogadores que não falam a mesma língua nem professam a mesma religião. O momento é fundamental para a concentração da equipa.

Tranquilidade

A táctica resulta e a a equipa ganha a final por 3-1. Paulo Selveira é o heroi ao marcar o golo que dá a tranquilidade e a taça: ”o importante para nós não é quem marca o golo, mas a união desta equipa que tem sempre pensamento positivo.”

Nos jogos da ONU praticam-se também outros desportos. Atletismo, natacão, basquetebol, voleibol, ténis e até um desportos menos exigentes fisicamente como dardos ou xadrez. Fernando Jesus dos Santos; é português, participa nos jogos há mais de trinta anos. Já jogou futebol, mas a idade afastou-o dos relvados.

Diversidade

Equipa da Unesco prepara-se para entrar em ação Agora dedica-se a petanca. Um desporto que elogia pela diversidade de género: “O ambiente é muito diferente do que existe no futebol. Na petanca jogam homens e mulheres na mesma equipa. Torna-se, por isso, um desporto espectacular!”

Francisco Filipe veio apoiar o filho. Nunca trabalhou para a ONU e ficou impressionado com o ambiente que se vive durante estes dias:” Existe uma química; uma energia que nos faz sentir em família. Quem passa por uma experiencia destas esquece completamente a vida real.”

Para o ano os Jogos Inter-Agências da ONU realizam-se, pela primeira vez na história em Nova Iorque. Durante um ano, pelo menos, no futebol a taça…fala português!