Relatório aborda casos de lusófonos na distribuição da merenda escolar
Resultados da experiência brasileira, com 47 milhões de beneficiários, vistos como exemplo global; Angola defende necessidade de melhorias e Cabo Verde e Moçambique citados pelos sucessos de implementação.
Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.
O Programa Mundial de Alimentação, PMA, lançou o seu primeiro relatório sobre a situação global e a análise dos programas de alimentação escolar em países desenvolvidos e em desenvolvimento.
O documento, publicado esta sexta-feira, refere que cerca de 368 milhões de crianças, no equivalente a uma em cada cinco, recebem o tipo de refeição em 169 Estados.
Brasil
Entre os países de língua portuguesa, o Brasil é referido pelo sucesso em associar a alimentação escolar à produção dos agricultores familiares. O destaque vai para os resultados obtidos não apenas para as crianças, mas para a agricultura de pequena escala e para as economias locais.
O documento refere que o exemplo brasileiro mostra que é possíve vincular a produção de alimentos, a merenda escolar, a educação nutricional e a participação da comunidade.Dimensão
Com 47 milhões de beneficiários, o programa do país segue-se, em termos de dimensão, ao da Índia que tem 117 milhões. O lançamento relatório coicidiu com o último dia do Fórum Global de Nutrição Infantil, realizado com o apoio do PMA no estado brasileiro da Bahia.
Falando à Rádio ONU, da cidade de Salvador, Daniel Balabar, do Centro de Excelência Contra a Fome da agência no Brasil, realçou a questão da gestão da iniciativa no país.
Gestão
“É o segundo maior programa escolar em termos de atendimento no mundo mas é o primeiro, em termos de gerência, porque todos os alunos das escolas públicas brasileiras são atendidos em termos de referência escolar. O Brasil é uma referência porque além de ter alimentação saudável e sustentável, está ligado também à produção do pequeno agricultor familiar”, disse.
O relatório refere que Angola tem 221 mil beneficiários do programa de merenda escolar, levado a cabo pelo governo.
Melhorar
Falando à Rádio ONU, também de Salvador, o diretor Nacional da Acção Social Escolar, Domingos Torres, abordou as áreas a serem melhoradas pelo país africano.
“Há necessidade de se elaborar uma política nacional para melhor regular a distribuição da merenda escolar com maior sustentabilidade, qualidade e a baixo custo. Envolvendo a comunidade e os agricultores para que os produtos, cultivados localmente, possam ser transformados para a merenda escolar”, explicou.
Cabo Verde
O relatório menciona Cabo Verde pelo sucesso da recente tentativa de implementação da iniciativa, influenciado por fatores como a sua ascenção para país de média renda média e as lições aprendidas num programa anterior de distribuição de merendas diárias. O país tem 86 mil alunos beneficiários.
Moçambique é citado por ter redefinido os seus programas para dar maior enfoque aos bairros mais pobres. O sucesso do envolvimento de parceiros de desenvolvimento como agências da ONU e o Governo na distribuição das merendas também é destacado na pesquisa.
Orçamentos
De acordo com o “Estado Mundial da Alimentação Escolar”, o investimento global no tipo de programas envolve cerca de US$ 75 mil milhões, com a maioria proveniente de orçamentos públicos.
O documento refere que apesar da natureza global da alimentação escolar, a cobertura desses programas é menor, onde eles são mais necessários.
Nos países pobres, 18% das crianças recebe uma refeição diária na escola apesar de serem mais suscetíveis de ser pobre e com fome. Já nos países de renda média. Quase 49% beneficiam de merenda escolar.