Ramos Horta defende eleições na Guiné-Bissau para novembro
Em entrevista exclusiva à Rádio ONU, representante especial do Secretário-Geral no país africano disse que passo é importante para fazer avançar a nação.
Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.
O representante especial do Secretário-Geral da ONU na Guiné-Bissau defende que sejam realizadas eleições no país de língua portuguesa ainda este ano. O também Prémio Nobel da Paz, sugeriu novembro para a votação.
José Ramos Horta falou em exclusivo à Rádio ONU, em Nova Iorque, onde se encontra para participar na sessão do Conselho de Segurança, que debate a estabilização do país. Em abril do ano passado, a Guiné-Bissau sofreu um golpe de Estado seguido pela instauração de um governo de transição.
Reconstituição
“As condições políticas existem para a realização de eleições em novembro. Só com a realização das eleições é que nós podemos, então, passar para uma segunda fase que tenho defendido desde que fui nomeado. Nela, a comunidade internacional, liderada em parceria com o novo regime democrático eleito, começa a reconstituição do estado guineense”, explicou.
Narcotráfico
O também Prémio Nobel da Paz disse que como parte da sua deslocação, manteve contactos com os Estados Unidos sobre o narcotráfico na Guiné-Bissau e questões humanitárias.
Por outro lado, parceiros como a Comunidade dos Estados da África Ocidental, Cedeao, a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, Cplp, a União Africana e a União Europeia também foram abordados.
Reformas
Horta falou de uma proposta para evitar episódios cíclicos de tomada do poder por via institucional no país, onde tem estabelecido contactos com os partidos e ONGs com vista à estabilização.
“Será necessário a mobilização de peritos internacionais, de consultores para serem colocados nos vários setores públicos da Guiné-Bissau para reorganizar toda a administração pública de A a Z. Pelas eleições apenas, se não houver um reengajamento forte mandatado pelo Conselho de Segurança para a reforma de toda a administração pública da Guiné-Bissau, durante 3 a 5 anos, os problemas serão repetidos. O que tenho defendido é que haja eleições democráticas em novembro deste ano”, afirmou.
Ramos Horta disse que, no contacto com altos funcionários da organização, avançou a ideia de se considerar a extensão do mandato do Escritório Integrado da ONU na Guiné-Bissau, Uniogbis.