Acordo com a troika compromete pobreza e desemprego na Grécia
Relator da ONU afirma que mais de 10% da população vive agora na pobreza extrema e índice de desemprego entre jovens é sem precedentes; Cephas Lumina avalia impacto da crise nos direitos humanos.
Leda Letra, da Rádio ONU em Nova York.
O resgate financeiro para a Grécia está compromentendo o padrão de vida da população, alerta o relator independente da ONU para o Débito Externo e Direitos Humanos.
Cephas Lumina fez a declaração nesta quarta-feira, depois de visita de uma semana ao país, onde avaliou o impacto da crise econômica nos direitos humanos.
Troika
Segundo o relator, “mais de 10% da população na Grécia vive agora na pobreza extrema e o desemprego entre jovens atingiu um índice sem precedentes, quase 60%”.
Em 2010, o país europeu assinou um acordo com a troika, formada pela Comissão Europeia, o Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional. A meta era implementar “cortes radicais” nos gastos do governo, em troca de um resgate financeiro.
Salários
O escritório de Direitos Humanos da ONU lembra que a Grécia também adotou reformas para reduzir o déficit fiscal e retomar o crescimento. Mas a economia do país continua em recessão.
Para Cephas Lumina, o “programa de austeridade foi implementado com um sistema de proteção social ineficiente para absorver o choque do desemprego, cortes salariais e aumento de impostos”.
Privatização
O relator das Nações Unidas também observou que um terço dos gregos está sem seguro-saúde, principalmente por conta do desemprego prolongado. Lumina afirma que a proposta de privatizar companhias de água e luz deve ser vista com cautela, já que a população poderia se deparar com um aumento nas taxas de uso dos serviços.
Ele também expressou preocupação com o crescimento significativo de ataques contra estrangeiros, realizados por grupos extremistas. Mas Lumina elogiou o estabelecimento de 70 unidades de polícia antirracismo.
Ao governo grego, o relator pede a criação e implementação de uma reforma econômica que leve em conta o padrão internacional dos direitos humanos. Durante a visita, entre 22 e 26 de abril, Cephas Lumina teve encontros com representantes do governo, ministros, membros do Parlamento e da sociedade civil.