Comissão quer que EUA respeitem a vida dos prisioneiros em Guantánamo
Afirmação foi feita por grupo de especialistas independentes da ONU sobre direitos humanos; eles pediram ao governo americano que adote medidas para acabar com a prisão por tempo indefinido.
Edgard Júnior, da Rádio ONU em Nova York.
Um grupo de especialistas independentes da ONU sobre direitos humanos afirmou, esta quarta-feira, que os Estados Unidos devem respeitar e garantir a vida, a saúde e a integridade física dos prisioneiros da base naval de Guantánamo, em Cuba.
A Comissão Interamericana sobre Direitos Humanos disse que recebeu informações a respeito dos danos físicos e psicológicos causados nos detidos pela indefinição de aspectos básicos de suas vidas.
Família
Segundo a Comissão, os prisioneiros não sabem quando serão julgados, ou se vão ser soltos e quando isso irá acontecer. Outra dúvida dos detidos é se eles vão poder ver seus familiares novamente.
Os especialistas pediram ao governo americano que adote medidas concretas para acabar com a prisão, por tempo indeterminado, de pessoas. Eles querem que os detidos sejam libertados ou processados de acordo com os princípios e padrões da lei internacional de direitos humanos.
Além disso, eles pediram permissão para o envio de uma equipe independente internacional para monitorar a situação e o fechamento do centro de detenção de Guantánamo.
Sofrimento
O relator especial da ONU sobre tortura, Juan E. Mendéz, afirmou que em Guantánamo, a prisão por tempo indefinido de indivíduos, que nem foram acusados formalmente, vai além do período considerado razoável.
Segundo ele, essa situação causa um estado de sofrimento, estresse, medo e ansiedade que, por sí só, constituem uma forma de tratamento cruel, desumano e degradante.
Transferência
O relator especial da ONU sobre contra terrorismo, Ben Emmerson, chamou a atenção para o fato de o governo americano ter admitido que, pelo menos, 86 prisioneiros foram liberados para transferência.
Emmerson afirmou que isso significa que todas as agências e autoridades de segurança americanas concluíram que esses detidos não representam qualquer ameaça ao país.
Em relação à greve de fome dos prisioneiros, a relatora especial da ONU sobre Saúde, Anand Grover, afirmou que as autoridades responsáveis não devem ameaçar ou forçar alimentação nos índivíduos que, voluntariamente, decidiram parar de comer.