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Crise econômica na Europa afeta funcionários públicos de vários países BR

Crise econômica na Europa afeta funcionários públicos de vários países

Servidores foram duramente atingidos com cortes de gastos, empregos e salários; especialista da OIT analisa o impacto das medidas para combater o problema em nova publicação da agência.

Edgard Júnior, da Rádio ONU em Nova York.

A crise econômica que atingiu a Europa refletiu diretamente no setor público de vários países.

O economista-sênior da Organização Internacional do Trabalho, OIT, Daniel Vaughan-Whitehead, analisou o impacto não só da crise, mas também das medidas adotadas pelas autoridades para combater o problema.

Portugal

Em uma nova publicação, Vaughan-Whitehead afirmou que apesar de terem surgido vários tipos de resposta à crise econômica na Europa, a pressão imediata pela redução dos gastos levou a maioria dos governos a cortar empregos e salários de uma forma drástica.

Em entrevista à Rádio ONU, de Lisboa, a funcionária pública portuguesa, Fernanda Ramalhoto, falou sobre os efeitos dos cortes realizados pelo governo.

“Em primeiro lugar diretamente as famílias. Parte substancial dos cortes que se têm feito nos últimos tempos, e que são cortes nas remunerações. Isto significa que no final do mês, os trabalhadores levam menos dinheiro para casa. E estes cortes também vêm associados a um aumento de impostos. Depois, no último ano, por exemplo, de adminstração pública, a partir de determinado valor de remuneração (os trabalhadores) não receberam o subsídio de férias. Isto, em termos práticos para um trabalhador significa menos remuneração disponível para fazer face às suas despesas.”

Vantagem

O economista da OIT disse que como resultado, os funcionários públicos perderam a vantagem salarial que tinham sobre os trabalhadores do setor privado.

Ele afirmou que os ajustes feitos pelos governos, inclusive o de Portugal, paralisaram as reformas estruturais do setor público.

O economista declarou que com o aumento dos protestos contra as medidas de austeridade, principalmente no sul da Europa, Portugal, Espanha e Grécia, os trabalhadores mais atingidos pela crise estão indo para o norte do continente.

Bônus

O especialista explicou que alguns países fizeram o básico, congelando os salários, como foi o caso da Estônia, da Irlanda e da Romênia, entre outros. Já a Grécia e a Hungria acabaram com qualquer tipo de bônus para os funcionários públicos. O governo grego chegou a cortar o salário mínimo em 22%.

Segundo o especialista da OIT, essas mudanças tiveram impacto também no futuro da qualidade dos serviços públicos.

Ele cita que nas escolas, as medidas devem levar a um número menor de professores em relação aos alunos. Já nos hospitais, as listas de espera para a entrada de pacientes deve aumentar.