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Massacre do Carandiru: ONU elogia condenação de policiais militares BR

Massacre do Carandiru: ONU elogia condenação de policiais militares

Escritório de Direitos Humanos apela às autoridades brasileiras para tratar da “terrível” situação dos presídios do país; 23 policiais foram sentenciados a 156 anos de prisão.

Leda Letra, da Rádio ONU em Nova York.

O Escritório da alta comissária de Direitos Humanos das Nações Unidas elogiou, nesta terça-feira, a condenação de 23 policiais militares que participaram do massacre do Carandiru.

Segundo agências de notícias, na madrugada de domingo, os policiais foram sentenciados a 156 anos de prisão. Eles foram acusados de matar 13 detentos durante a rebelião ocorrida no presídio de São Paulo em outubro de 1992. Ao todo, 111 presos foram assassinados pela Tropa de Choque.

Impunidade

Em entrevista a jornalistas, em Genebra, na Suíça, a porta-voz do escritório da ONU, Cecile Pouilly, lembrou que muitos presos levaram tiros à queima-roupa.

Segundo Pouilly, o Escritório de Direitos Humanos elogia as autoridades brasileiras pelo julgamento, depois de mais de duas décadas de impunidade, “em um dos incidentes mais brutais de violência em uma prisão.”

A porta-voz disse que a ONU vai continuar acompanhando de perto o julgamento de outros 57 policiais militares, que deve acontecer nos próximos meses.

500 mil

Pouilly também fez um apelo às autoridades brasileiras para que tratem com urgência da “situação terrível” das prisões do país. A porta-voz destaca que quase meio milhão de pessoas estão detidas no Brasil.

Um grupo de relatores das Nações Unidas especializado em detenção arbitrária visitou o país no final de março. Eles estiveram em Campo Grande, Fortaleza, Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília.

Ao final da visita oficial, os relatores expressaram preocupação com o “uso excessivo da privação da liberdade e da falta de assistência legal a pessoas presas ou detidas no Brasil”.