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Pnuma e ONU-Habitat pedem mais investimentos em cidades sustentáveis BR

Pnuma e ONU-Habitat pedem mais investimentos em cidades sustentáveis

Novo relatório calcula que três quartos dos recursos naturais do mundo já são consumidos em zonas urbanas; Curitiba é elogiada por iniciativas públicas de reciclagem.

Leda Letra, da Rádio ONU em Nova York.

Um relatório lançado nesta quarta-feira por duas agências das Nações Unidas sugere que investir em infraestruturas sustentáveis pode diminuir a degradação ambiental, reduzir a pobreza e a emissão de gases que causam o efeito estufa.

O estudo foi produzido pelo Painel de Recurso Internacional, que faz parte do Programa da ONU para o Meio Ambiente, Pnuma. O Programa da ONU para Assentamentos Humanos, ONU-Habitat, também participou do lançamento, em Nairóbi, no Quênia.

Crescimento

Cerca de três quartos dos recursos naturais do mundo são consumidos em cidades. A estimativa é que 70% da população global estará vivendo em áreas urbanas até 2050.

Curitiba, no Paraná, foi um dos 30 casos analisados. A cidade é elogiada no relatório por iniciativas públicas de reciclagem e manejo do lixo. Com o programa “Câmbio Verde”, cada 4 kg de materiais recicláveis podem ser trocados por 1 kg de alimentos.

O estudo nota que os benefícios atingem tanto comunidades mais pobres, que têm acesso a uma dieta mais equilibrada, quanto agricultores locais, que têm uma demanda mais estável da produção.

Economia

É dado destaque ainda para uma iniciativa da Austrália, que instalou medidas para eficiência de energia em prédios públicos. Com isso, o país reduziu em 40% suas emissões de carbono.

A Cidade do Cabo, na África do Sul, é citada por ações em projetos de habitação de baixa renda, com o uso de energia eficiente e sistema solar para a água aquecida. Com as mudanças, houve economia de 6,5 mil toneladas de carbono por ano, queda de 75% nas doenças respiratórias, menor custo de água quente para famílias pobres e criação de “empregos verdes”.

De acordo com o relatório, o custo global estimado em uma transição para cidades sustentáveis é de US$ 40 trilhões, entre 2000 e 2030.

Inovação

O cálculo é feito com base nos gastos para a construção de novas estruturas, principalmente em países em desenvolvimento e reformas de prédios e casas em países desenvolvidos.

O diretor-executivo do Pnuma, Achim Steiner, ressaltou que “existem oportunidades únicas para que as cidades liderem ações de economia verde, por meio de uma maior produção de recursos e da inovação.”

Arquitetos e Engenheiros

Na opinião de Steiner, falta uma “visão holística sobre o futuro dos centros urbanos”. Já o diretor do ONU-Habitat, Joan Clos, lembrou que “cidades antigas terão de substituir infraestruturas ineficientes” e é preciso questionar que tipo de cidades do futuro estão sendo planejadas por arquitetos e engenheiros.

O estudo faz diversas recomendações a governos e planejadores urbanos, incluindo maior investimento em infraestruturas que estimulem a baixa emissão de carbono.