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Ban fala de rápida deterioração da segurança na República Centro-Africana

Ban fala de rápida deterioração da segurança na República Centro-Africana

Secretário-Geral exortou as autoridades de facto que restaurem a lei e a ordem; alta comissária para os Direitos Humanos apontou violações que incluem assassinatos seletivos, detenções arbitrárias e tortura.

Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.

O Secretário-Geral disse estar alarmado com a rápida deterioração da situação da segurança na República Centro-Africana.

Em nota, emitida esta terça-feira, Ban Ki-moon disse estar particularmente preocupado com relatos de confrontos entre o movimento Séléka e a população em Bangui, que resultaram na morte de grande número de civis.

Lei e Ordem

O chefe da ONU condenou veementemente os atos de violência dos Séléka contra a população e exortou as autoridades de facto para restaurar a lei e a ordem além de garantir a proteção dos civis.

A ONU estima que pelo menos 19 pessoas morreram no país, desde que as forças rebeldes assumiram o controlo do governo no mês passado.  O grupo Séléka derrubou o presidente François Bozizé, que fugiu para o exílio nos Camarões.

Ilegalidades

Antes, a alta comissária da ONU para os Direitos Humanos disse que não se deve permitir a continuação da ilegalidade que se verifica na República Centro-Africana.

Falando a jornalistas, a porta-voz do Escritório da ONU de Direitos Humanos, Cécile Pouilly, lançou um apelo a várias partes do país.

De acordo com a porta-voz, todos os que levem a cabo crimes graves e especialmente os seus líderes, devem ter em mente que podem ser individualmente responsabilizados pelos atos. Ela pediu às autoridades do Conselho de Transição Nacional que tomem as medidas necessárias para restaurar a autoridade de Estado e a proteção civil.

Sequestros

O documento cita relatos de violações generalizadas dos direitos humanos, incluindo assassinatos seletivos, detenções arbitrárias e a tortura. Os abusos incluem o recrutamento de crianças, estupros, desaparecimentos e sequestros na capital, Bangui, e noutras áreas do país.

A alta comissária também condenou o saque de escritórios de agências de ajuda humanitárias e armazéns, referindo que os atos causaram a interrupção de apoio vital para milhares de civis.

Combates

Entretanto, o Alto Comissariado para Refugiados anunciou o aumento do fluxo de cidadãos para os países vizinhos devido a combates ocorridos no fim de semana.

Estima-se que a instabilidade tenha causado a fuga de mais de 30 mil centro-africanos para República Democrática do Congo, RD Congo. Os refugiados recém-chegados ao país disseram que as forças Séléka teriam disparado contra moradores de Bangui que resistissem ou protestassem contra saques e abusos que têm lugar durante as operações de desarmamento.

De acordo com o Acnur, jovens do sexo masculino têm sido particularmente afetados. Eles compõem oito em cada dez refugiados que atravessaram a fronteira no fim de semana passado.