Unicef transfere funcionários da República Centro-Africana
A agência da ONU afirmou que 60 mil crianças foram atingidas por causa do conflito no país; Fundo afirma que jovens correm risco de violência e recrutamento por grupos armados
Edgard Júnior, da Rádio ONU em Nova York.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, decidiu remanejar todos os seus funcionários da República Centro-Africana.
Segundo o Unicef, aproximadamente 60 mil crianças foram atingidas pelo conflito no país. Nos últimos três meses, comunidades localizadas nas regiões controladas pelos rebeldes, não tiveram acesso aos serviços básicos.
Preocupação
A agência da ONU informou que as crianças correm risco de recrutamento por grupos armados e também de sofrer violência. Para o Fundo das Nações Unidas, a maioria das crianças consideradas “vulneráveis” está associada a grupos armados.
Essas crianças perderam suas casas, foram separadas de suas famílias e, muitas vezes, já fizeram parte de facções rebeldes.
O Unicef calcula que, mesmo antes do início do conflito, 2,5 mil crianças, incluindo meninos e meninas, faziam parte de grupos armados no país.
Crítica
O Conselho de Segurança da ONU condenou os recentes ataques e a tomada de poder pela força na República Centro-Africana.
Os países-membros foram contra a ação, comandada pela coalizão Seleka, no domingo, que acabou gerando violência e saques pela região.
O comunicado seguiu a mesma linha do pronunciamento do Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, que também condenou a operação no país.
Mortes
O Conselho de Segurança condenou também o uso de força, que resultou na morte de soldados sul-africanos, que fazem parte da força de paz em operação na República Centro-Africana.
O grupo citou ainda a decisão adotada, nesta segunda-feira, pelo Conselho de Segurança e Paz da União Africana que suspendeu a participação do país nas atividades da organização.
Estabilidade
Além disso, a União Africana afirmou que as ações dos líderes da Seleka violaram o acordo de Libreville e prejudicaram a frágil estabilidade da República Centro-Africana.
Os países-membros pediram a todas as partes envolvidas na disputa que evitem atos de violência contra civis, permitam acesso à ajuda humanitária, de acordo com a Lei internacional e respeitem os direitos humanos.
Justiça
O Conselho de Segurança enfatizou que os responsáveis por abusos ou violações das leis internacionais serão levados à justiça.
Entre os crimes estão a violência contra civis, de gênero ou sexual. Ainda na lista, as autoridades citaram o uso de crianças-soldados em conflitos armados.
O Conselho pediu ainda a restauração do “Estado de Lei”, a ordem constitucional e a implementação do acordo de Libreville.