Relator saúda decisão de libertação de ativistas do Camboja
Em comunicado, especialista sobre a situação dos Direitos Humanos no país destaca ter havido lacunas no julgamento; lançado apelo à vigilância em vésperas de eleições parlamentares no país asiático.
Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.
O relator especial da ONU sobre a situação dos Direitos Humanos no Camboja saudou a libertação, esta sexta-feira, de um proeminente jornalista e ativista local de direitos humanos e do direito à terra.
Mam Sonando, de 71 anos, foi sentenciado a 20 anos de prisão por incitação à rebelião no ano passado. A ordem, emitida pelo Tribunal de Recurso no Camboja, também abrangeu os correus Kan Sovann e Touch Ream.
Acusações
Em comunicado, Surya Subedi destacou ter havido lacunas significativas no primeiro julgamento, sanadas com o recurso. O Tribunal defende não haver provas que sustentassem as várias acusações contra os reus.
O especialista disse lamentar a manutenção de algumas penalizações e a introdução de novas acusações e condenações, sem que fosse dada a oportunidade para que o acusado preparasse a sua defesa.
Eleições
O relator disse que, já no ano passado, tinha associado a condenação do ativista à questão da liberdade de expressão no país, que considerou preocupante.
À beira das eleições no Camboja, o relator pediu vigilância na promoção do direito à liberdade de expressão e de opinião. Prevê-se que a votação para as legislativas ocorra em finais de Julho.
Crítico
Agências noticiosas apontam que Sonado preside o Movimento Pró-Democracia, e é crítico de Hun Sen que está no poder desde 1985 no Camboja.
A decisão de libertação foi implementada um dia depois de ter sido tomada. Tribunal de Recurso cambojano.
Ieng Sary
Ainda nesta quinta-feira, o Tribunal para o Camboja encerrou o processo contra o antigo ministro cambojano das Relações Exteriores, Ieng Sary, horas após a sua morte. O órgão, apoiado pelas Nações Unidas, julga os acusados de genocídio e crimes contra a humanidade.
Sary esteve hospitalizado durante dez dias, após ter sido preso em 2007 por alegados abusos cometidos durante o regime do Khmer Vermelho no final da década 70. Ele sempre negou as acusações. Estima-se que 2 milhões de pessoas teriam morrido durante a governação do regime, entre 1975 e 1979.
*Apresentação: Denise Costa