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Crianças são centro de campanha sobre violência doméstica em Portugal BR

Crianças são centro de campanha sobre violência doméstica em Portugal

Traumas e danos causados a menores são usados como parte dos esforços para conter as agressões de gênero no país; organizações não-governamentais dizem que crise financeira pode levar à tensão nos lares.

Mônica Villela Grayley, da Rádio ONU em Nova York.

As campanhas contra a violência doméstica em Portugal estão destacando os danos causados pelo problema a crianças nas famílias.

O tema foi abordado pela deputada da Assembleia da República, Mónica Ferro, durante esta entrevista à Rádio ONU. A deputada está em Nova York para participar da 57ª. sessão do Comitê sobre o Estatuto das Mulheres, que está ocorrendo na Assembleia Geral das Nações Unidas.

Vítimas Silenciosas

“Nós, pela primeira vez, introduzimos o elemento criança nas campanhas contra a violência doméstica porque as crianças assistem, porque são vítimas, mesmo que sejam silenciosas, porque isso prejudica. Isso prejudica a autoestima das crianças, o seu comportamento na escola, a sua sensação de pertencerem a uma comunidade.”

De acordo com a deputada, a crise econômica tem levado o governo a lidar de forma “mais criativa” com o combate à violência de gênero. Com isso, mulheres que tenham sido vítimas de agressões domésticas passam a ter prioridade na busca de um emprego.

Uma outra medida é um protocolo que o governo assinou com uma série de câmaras municipais para dar acesso prioritário a mulheres vítimas a rendas sociais para garantir que elas tenham assistência de emergência e sejam reintegradas à sociedade.

Estresse

A crise econômica, não só em Portugal, mas em outros países da Europa, tem sido motivo de preocupação para várias organizações não-governamentais, segundo contou a deputada Mónica Ferro.

“Nós temos ouvido algumas organizações não-governamentais que alertam para o fato de a crise introduzir mais estresse na sociedade com aumento do desemprego, com aumento de incerteza com relação ao futuro, e isso poder desencadear em alguns cenários comportamentos violentos. Nós (Portugal) não temos tido um aumento de relato de violência doméstica que corrobore esta posição, mas, com certeza, que percebemos que isso estima, que isso acontece. A crise tem um impacto evidente no sentimento de futuro, no sentimento de confiança das pessoas.”

A 57ª. sessão do Comitê sobre o Estatuto das Mulheres está debatendo formas de eliminar a violência e discriminação à mulher. Participam do evento ministras e autoridades de vários países, e agências da organização, como a ONU Mulheres.

A reunião na Assembleia Geral deve terminar em 15 de março.

*Apresentação: Edgard Júnior