Perspectiva Global Reportagens Humanas

Sistema de cotas é vital para aumentar número de mulheres na política, diz UIP BR

Sistema de cotas é vital para aumentar número de mulheres na política, diz UIP

União Interparlamentar, UIP, divulgou relatório sobre eleições em 2012 para comemorar o Dia Internacional da Mulher, neste 8 de março; Timor-Leste é citado como um dos países, com crescimento no número de parlamentares femininas.

Mônica Villela Grayley, da Rádio ONU em Nova York.

O sistema de cotas está surtindo efeito na política. A afirmação faz parte de um relatório da União Interparlamentar, UIP, sobre eleições em todo o mundo realizadas em 2012.

No estudo, divulgado nesta terça-feira, para marcar o Dia Internacional da Mulher no sábado, a agência constatou que o aumento da participação das mulheres na vida pública depende do sistema de cotas. O Timor-Leste está entre os países com o maior índice de crescimento no ano passado.

Exceção

No ano passado, foi registrada uma rara subidade de quase 1% na média global de mulheres eleitas para os Parlamentos.

Na análise, a UIP revela que até o fim de 2012, havia 20,3% de assentos ocupados por mulheres. Um ano antes, o total era de 19,5%. Com exceção de 2007, a média de crescimento de participação feminina é de meio ponto porcentual.

E a razão para o aumento seria o sistema de cotas em alguns dos 48 países, que realizaram eleições no ano passado.

Portugal

Antes da divulgação do estudo da União Interparlamentar, a deputada da Assembleia da República em Portugal, Mónica Ferro, contou à Rádio ONU, que o sistema de cotas tem ajudado o país.

Atualmente, o Parlamento português tem 27,6% de mulheres, mas para a deputada, deverá haver um debate além das cotas sobre como atrair mais mulheres para a política.

“A questão da conciliação, a questão da partilha de tarefas, de responsabilidade na criação dos filhos, a par de outras regras que têm a ver e que são o próprio funcionamento do sistema político, dos partidos políticos. As reuniões são à noite, muitas vezes ao fim de semana, quando as mulheres assumem, maioritariamente, as tarefas de cuidar da família, de cuidar dos filhos, da casa... E, portanto, isso faz com que, muitas vezes, seja incompatível as mulheres participarem na vida política, tal como querem.”

O secretário-geral da UIP, Andeers B. Johnson, disse que apesar de as cotas continuarem sendo um assunto polêmico em muitas partes do mundo, eles permanecem fundamentais na paridade de gênero.

Timor-Leste

A União Interparlamentar disse que deve haver punições para os partidos que não cumpram a cota de candidatas. Segundo ele, o compromisso político é uma obrigação e sem isso não se pode falar em avanço da democracia.

A UIP informou que os países com os maiores ganhos de mulheres em Parlamentos no ano passado foram Argélia, Senegal e Timor-Leste. Todos os três usaram o sistema de cotas, pela primeira vez.

A Argélia, por exemplo, se tornou o primeiro e único país árabe a ter mais de 30% de assentos no Parlamento ocupados por mulheres. Já o Senegal alcançou 42,7% elevando a média da África para mais de 20% de participação feminina.

No continente americano, El Salvador bate o recorde com 24.1%, acima dos Estados Unidos que têm 18% de deputadas e 20% de senadoras.

Na Ásia, o país de língua portuguesa, o Timor-Leste conseguiu 10,8% de cadeiras ocupadas por mulheres passando a frente da Mongólia e de Mianmar, a antiga Birmânia.