Estudo associa comércio de milhares de grandes símios ao crime organizado
Relatório aponta transações sofisticadas de chimpanzés, gorilas, bonobos e orangotangos impulsionadas pela demanda dos mercados internacionais; 22 mil animais podem ter sido perdidos desde 2005.
Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.
Cerca de 3 mil símios de grande porte são roubados anualmente das florestas africanas e do sul da Ásia, revela um relatório das Nações Unidas publicado esta segunda-feira.
O informe “Símios roubados: O Comércio Ilícito de Chimpanzés, Gorilas, Bonobos e Orangotangos”, refere que o comércio ilícito está cada vez mais ligado ao crime organizado e às redes transfronteiriças.
Capitais
De acordo com o estudo, movimento dos animais ocorre da mesma forma que as drogas, as armas e o branqueamento de capitais. Estima-se que um caçador venda um chimpanzé vivo por US$ 50. Já um intermediário pode revender o animal por até 400%.
A pesquisa aponta a revenda de Orangotangos a US$ 1 mil e gorilas a transacionados ilegalmente a US $ 400 mil a um zoológico na Malásia, em 2002.
Cativeiro
Estima-se que pelo menos 22 mil grandes símios tenham sido perdidos na natureza desde 2005. As causas vão desde a venda, às mortes durante a caçada ou em cativeiro. Os chimpanzés compõem 64 % do número.
O estudo foi produzido pelo Programa Ambiental da ONU, Pnuma, em parceria com a Ong Great Apes Survival.
Mercados
O relatório mostra que a causa do comércio ilegal para a sofisticação do negócio é a demanda dos mercados internacionais. Antes, as ameaças tradicionais à conservação eram a caça, o desflorestamento e a busca da carne.
O documento recomenda que sejam estabelecidos valores de referência para o comércio ilegal de grandes símios, tidos como “extremamente importantes para a saúde das florestas na África e na Ásia.”
Biodiversidade
O informe destaca, ainda, que a perda simultânea de 10 ou 20 pode ter um profundo impacto sobre a biodiversidade.
A Assembleia Geral da ONU declarou o período 2011-2020 como a Década da ONU sobre Biodiversidade. O Objetivo é promover a implementação de um plano estratégico sobre a biodiversidade e a visão geral com vista à gestão e preservação de diferentes tipos de animais e plantas.