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Moçambique acolhe pesquisa sobre nível de conhecimento de nutrição

Moçambique acolhe pesquisa sobre nível de conhecimento de nutrição

Inquérito é desenvolvido pelo Reach, iniciativa criada pelo Unicef, PMA, a OMS e FAO; a taxa de desnutrição crónica é de 43%  em crianças com menos de cinco anos.

Manuel Matola, da Rádio ONU em Maputo.

Quatro agências das Nações Unidas desenvolvem uma pesquisa inédita para apurar o nível de conhecimento sobre a problemática da nutrição em Moçambique.

O estudo deve envolver decisores políticos, atores de desenvolvimento e jornalistas e será  realizado pela  Iniciativa das Nações Unidas para Acelerar Ações de Redução da Desnutrição, Reach.

Nutrição

A organização opera nas áreas de governabilidade e gestão de nutrição e foi criada, em 2008, pelo Fundo da ONU para a Infância, Unicef, o Programa Mundial da Alimentação, PMA, a Organização Mundial da Saúde, OMS, e Organização da ONU para Agricultura e Alimentação, FAO

Em declarações à Rádio ONU, de Maputo, a coordenadora internacional do Reach, Tania Goossens-Allen, explicou o propósito do inquérito a um universo de 400 pessoas, que decorre desde o ano passado.

Consciência

“O objetivo desta pesquisa que nós fizemos foi de medir qual é o conhecimento e a consciência das pessoas em nutrição. Não falo do público em geral, mas especificamente para os atores de desenvolvimento, os que tomam decisão e os media. Muitas vezes assumimos que talvez as pessoas são conscientes de que esta é situação séria em Moçambique”.

O Inquérito Demográfico e Saúde de 2011 indica que, em Moçambique, 43% das crianças abaixo de cinco anos sofrem de desnutrição crónica. Tania Goossens-Allen descreve assim o quadro nutricional do país.

Situação Crónica

“A região mais afetada é a do norte, seguida do centro e depois é sul, portanto, vemos taxas mais baixas na área sul, mas ainda são sérias. São mais de 20%, consideradas também uma situação crónica, mas no norte do país pode ir até 50 a 55% nas províncias”.

Oportunidade

Após o inquérito, as agências da ONU pretendem elaborar uma estratégia de advocacia e comunicação. A responsável fala da grave situação em 12 países africanos, incluindo Moçambique, com as mais altas taxas de desnutrição crónica.

“É uma situação séria, porque é a largo prazo, permanente. E o que temos é o que se diz: temos uma janela de oportunidade, que é só de mil dias. Temos até a criança ter dois anos de idade para poder lutar contra esta desnutrição. Após os dois anos já é tarde, já não conseguimos mudar a situação”.

Nesta quinta-feira, Moçambique foi o único país africano selecionado para acolher uma campanha que visa melhorar o acesso das crianças à saúde, nutrição e educação, denominada “Corpo Nutrido, Mentes Nutridas”.