Para Frei Betto, jovens de hoje precisam de mais ideologias

Em entrevista à Rádio ONU, teólogo brasileiro, que recebeu Prêmio da Unesco nesta sexta-feira, disse que juventude dos anos 60 preferia utopias às drogas.

Mônica Villela Grayley, da Rádio ONU em Nova York.

A Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura, concedeu o Prêmio José Martí 2013 ao teólogo mineiro, Frei Betto.  Segundo a Unesco, o religioso tem trabalhado para promover a paz universal.

Frei Betto, que deve receber o prêmio em Cuba, falou à Rádio ONU sobre a distinção. Segundo ele, o caminho da paz é o mesmo que foi pregado pelo profeta Isaías, 700 anos antes de Jesus Cristo. Ele disse seguir a receita bíblica em seu trabalho e em suas ações.

Reconhecimento

“A paz tem que vir da justiça. Para isso, eu tenho lutado e este também é o significado do prêmio, que é um reconhecimento de todos que lutam nesta linha assinalada pelo profeta Isaías.”

Frei Betto que foi preso pela ditadura militar duas vezes no Brasil nos anos 60, disse que muitos jovens hoje são engajados, mas segundo ele, as drogas ainda são um problema preocupante.

De acordo com o teólogo, a juventude atualmente precisa de mais ideologias.

Ghandi, Mandela

“Na minha geração aquela que tinha 20 anos nos anos 60 do século 20, havia drogas. Mais a incidência não era tão grande porque nós éramos viciados em utopia. E estou convencido de quanto mais utopias menos drogas, quanto menos utopia, mais drogas. E o mundo hoje carece de utopias libertárias. Hoje, as grandes ambições são de bem-estar material. Não há uma preocupação altruísta. Hoje, os herois da juventude não são mais aquelas pessoas como Gandhi, Che Guevara, Mandela, Luther King. Hoje, não. São as celebridades da moda, do mundo pop, do esporte.”

Frei Betto deve receber o Prêmio José Martí da Unesco, em uma cerimônia em Havana, Cuba.