Perspectiva Global Reportagens Humanas

Relatório da OIM diz que Brasil é fonte e destino de tráfico humano BR

Relatório da OIM diz que Brasil é fonte e destino de tráfico humano

Documento mostra que maioria é vítima de trabalho escravo; estudo, lançado esta sexta-feira, fala de aumento da assistência as vítimas.

Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova York.*

O Brasil é um dos países apontados como fonte de vítimas de tráfico humano, ao lado da Bulgária, China, Índia, Nigéria. Entre os três principais estão a Ucrânia, o Haiti e o Iêmen.

Os dados constam de um relatório da Organização Internacional para as Migrações, OIM, que analisou as tendências de tráfico de pessoas, através de informações de mais de 150 pontos de operação.

Destino

Os principais países de destino são a Federação Russa, o Haiti, o Iêmen, a Tailândia e o Cazaquistão. Embora em menor escala, em relação à Argentina, o Brasil é também tido como ponto de chegada de pessoas traficadas de países como a Bolívia e o Paraguai.

Na Europa, Portugal é um dos pontos de destino ao lado da Alemanha, Itália e Espanha. Todos, recebem um “número significativo de migrantes do Cone Sul e particularmente dos países andinos.”

Migrantes originários de Angola e Moçambique estão na lista dos refugiados africanos, caribenhos e asiáticos que se movimentam para a Europa ou transitam pela América do Sul a caminho dos Estados Unidos e Canadá.

Exploração

Em Junho, a agência deve publicar a segunda parte do estudo, para o combate ao tráfico e assistência a migrantes vulneráveis, com dados de 2011.

O documento indica que metade dos casos de tráfico humano registrados durante o período, envolveu vítimas de exploração de trabalho.

Solicitações

De acordo com a OIM, mais de 3 mil vítimas de exploração do trabalho foram assistidas durante o período, o que representou 53 % das solicitações das vítimas de tráfico humano.

A agência indica que desde 2010, o tráfico de trabalho, já tinha ultrapassado a exploração sexual como o principal tipo de tráfico atendido pela OIM.

Exploração

O estudo relata que 27% dos casos de tráfico acompanhados em 2011 são de exploração sexual.

O tráfico de trabalho é uma “característica de setores econômicos, particularmente, os que exigem trabalho manual, como a agricultura, construção, trabalho doméstico, pesca e mineração.”

Pedidos

Na maioria dos casos, a exploração é disfarçada como trabalho legal e contratual e ocorre em condições degradantes ao contrário das promessas feitas aos trabalhadores.

O relatório destaca o aumento de pedidos de assistência de homens vítimas de tráfico de 1,65 mil casos em 2008 para pouco mais de 2 mil em 2011.

Combinação

As vítimas de tráfico do sexo feminino estiveram no mesmo nível dos homens, apesar delas representarem a maioria a receber assistência.

As mulheres representam 62% dos casos atendidos pela OIM,  incluindo casos de exploração sexual, exploração do trabalho e a combinação das duas formas.

Durante 2011, a OIM,  registou, entretanto, uma redução de 7% dos casos assistidos, em comparação a 2010. A OIM atribui a queda a fatores externos, e não a uma “queda real” em casos de tráfico de pessoas.

* Apresentação:  Edgard Júnior