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Exclusiva: Xanana Gusmão

Exclusiva: Xanana Gusmão

Primeiro-ministro do Timor-Leste falou à Rádio ONU, nesta quarta-feira, durante o encerramento do Encontro do G7+, o grupo que reúne os países menos desenvolvidos do mundo, realizado em Porto Príncipe, capital do Haiti.

A reunião de dois dias, que estava marcada para ocorrer na Guiné-Bissau, teve de ser transferida para o Haiti por causa do golpe militar na Guiné, que instalou um governo de transição no país lusófono do oeste da África.

Paz e Diálogo

O G7+, que foi inicialmente liderado pelo Timor-Leste, tem parceria com várias iniciativas das Nações Unidas no contexto da Cooperação Sul-Sul.

Neste entrevista, Xanana Gusmão pediu a restauração da ordem democrática na Guiné-Bissau através da paz e do diálogo:

“Para chegarmos ao ponto de mudarmos a situação é preciso que todos os líderes políticos, toda a população, a sociedade civil tomarem conhecimento daquilo que se costuma dizer em inglês: enough is enough, chega. E fazer uma instrospecção para ver as causar reais do problema. Colocar-se ali todos os esforços, de todos os cidadãos, do Estado, da sociedade civil a pensar só num objectivo, o de criar a paz e a estabilidade.”

Estabilidade

O líder timorense disse ainda que o seu país sempre olhou para a Guiné como fonte de inspiração pelo fato de o país africano ter sido a primeira colônia portuguesa no continente a lutar pela independência.

Mas segundo Gusmão, já se passaram 40 anos e a Guiné precisa “ir adiante colocando em primeiro lugar o alcance da paz e da estabilidade.”

Ao ser perguntado como o Conselho de Segurança e a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa poderiam ajudar a solucionar a crise guineense, o premiê timorense disse que o fato de ter uma língua em comum não é tudo. Para ele, a Cplp precisa se adaptar às mudanças dos tempos tornando-se mais ativa.

Solidariedade

“Eu creio que também já chegou o tempo de a Cplp firmar que a língua nos une, a língua nos une. Precisamos passar a mais ação. A um espírito de maior solidariedade porque senão a gente fica classificada como um bloco que só fala português. E isso não é bom para a organização.”

Ele encerrou a entrevista comentando a nova fase do Timor com a saída da Missão das Nações Unidas do país, Unmit, e o compromisso do país em manter a disseminação do português na nação. A Missão da ONU será encerrada neste 31 de dezembro.

Localizado no sudeste da Ásia, o Timor restarou sua independência em 2002 com a ajuda das Nações Unidas e da comunidade internacional, após anos de dominação indonésia.

Até meados dos anos 70, o Timor era uma colônia portuguesa. Mas o português deixou de ser língua oficial durante o período de anexação indonésia.

Acompanhe a entrevista, de Porto Príncipe, à Mônica Villela Grayley.

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