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Contracetivos podem poupar US$ 11 mil milhões aos países em desenvolvimento

Contracetivos podem poupar US$ 11 mil milhões aos países em desenvolvimento

Relatório refere que na Guiné-Bissau morrem 790 mulheres em cada 100 mil nascimentos, enquanto no Brasil homens querem maior envolvimento do planeamento familiar.

Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.

O acesso ao planejamento familiar poderia poupar anualmente mais de US$ 11 mil milhões aos países em desenvolvimento, refere o Fundo da ONU para a População, Unfpa.

Dados do “Estado da População Mundial 2012”, lançado nesta quarta-feira, apontam a existência de mais de 220 milhões de mulheres sem acesso a contracetivos de sua escolha nos países em desenvolvimento.

Disparidades

Um dos centros de lançamento foi a capital portuguesa. Em declarações à Rádio ONU, de Lisboa, a integrante do grupo parlamentar do país sobre a População e Desenvolvimento, Mónica Ferro, chamou atenção ao que chamou disparidades nos países lusófonos.

“Com muito choque vejo que na Guiné-Bissau morrem 790 mulheres por cada 100 mil nascimentos. Por cada 1 mil mulheres grávidas, 137 são raparigas entre os 15 e os 19 anos. Depois, não é estranho, neste contexto, que a taxa de mortalidade infantil com menos de 5 anos em cada mil nascimentos seja de 181. Em Moçambique a taxa continua elevadíssima também 490 mulheres morrem em cada 100 mil nascimentos e em Angola 450 mulheres. Em Timor-Leste, 300 mulheres. É um fardo demasiadamente pesado para uma sociedade carregar”, disse.

Pobreza

Segundo o Unfpa,  fenómeno é tido como fator que empurra as mulheres para a pobreza, a exclusão de saúde e desigualdade de género. O documento salienta que o acesso ao planejamento familiar é um direito humano essencial que provou trazer benefícios sócioeconómicos.

Entre os países lusófonos, Moçambique aparece citado pelo fato de 52% das raparigas se casaram antes dos 18 anos. No país, jovens recorrem a práticas perigosas e ilegais para terminar uma gravidez indesejada.

Gravidez Indesejada

Por seu turno, o Brasil é destacado pelo fato de homens desejarem um maior envolvimento do planeamento das suas famílias, e pela redução do número de casos de gravidez indesejada.

O país regista ao lado da Alemanha, do México, da Espanha e dos Estados Unidos mais de metade dos homens considerarem um tratamento à base de hormónios e outros métodos contracetivos masculinos que tornaram disponíveis.