Comissão diz que África caminha para o fim da violência eleitoral
Em discurso, novo líder da Comissão Econômica das Nações Unidas para o continente, Uneca, afirmou que apesar dos contrangimentos, há medidas para garantir mais transparência e verdade aos processos eleitorais da região.
João Rosário, da Rádio ONU em Lisboa.
O secretário executivo da Comissão Económica da ONU para África, Uneca, disse que o despertar do continente poderá levar ao declínio das atitudes dos mais poderosos durante os períodos eleitorais.
Num discurso durante a oitava edição do Fórum sobre Liderança Africana, que decorre até esta quinta-feira, em Gaborone, capital do Botsuana, Carlos Lopes disse que “à medida que África cresce, cada vez mais cidadãos ficarão melhor informados e urbanizados. Eles vão desejar ter uma participação maior e uma nova ordem política”.
Desigualdades
Em declarações focadas nas eleições em África e nos seus desenvolvimentos complexos dos últimos anos, Lopes sublinhou que quando as votações são despidas da sua substância e do seu valor, elas perdem os benefícios intrínsecos.
Para ele, “as grandes desigualdades económicas estruturais, polarização social entre grupos, comunidades e indivíduos ou transições políticas instáveis podem aumentar a violência eleitoral”.
O novo chefe da Uneca diantou ainda que, embora as eleições se tenham tornado mais regularizadas em África, a sua “qualidade e credibilidade estão cada vez mais a serem postas em questão. Os processos são marcados por confusões, dificuldades técnicas” e outros problemas.
Esforços Positivos
Ainda assim, Carlos Lopes apontou os esforços que estão a ser feitos para enfrentar o ciclo de violência eleitoral como as políticas concebidas para a partilha de poder através de acordos. Ele citou ainda as reformas dos organismos eleitorais de modo a prevenir o ódio e os discursos inflamatórios que podem instigar a violência política.
Entre os meios preventivos, apontou o respeito pela transparência na contagem dos votos, o papel da sociedade civil, a punição judicial a quem não cumpre as regras, e interdição de participarem nos processos eleitorais aos políticos que apelam à violência.