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Nações Unidas querem que países combatam o casamento infantil BR

Nações Unidas querem que países combatam o casamento infantil

Prática afeta garotas menores de 11 anos, em algumas regiões; alerta está sendo feito em relatório lançado nesta quinta-feira, Dia Internacional da Menina.

Mônica Villela Grayley, da Rádio ONU em Nova York.

As Nações Unidas marcam neste 11 de outubro o primeiro Dia International da Menina pedindo aos países que acabem com o casamento infantil.

Segundo a ONU, quase 70 milhões de jovens mulheres, hoje em dia,  casaram-se antes de completar 18 anos.

Riscos

Em mensagem para marcar o Dia, o Secretário-Geral Ban Ki-moon disse que a educação das garotas é a melhor forma de combater o casamento infantil. Segundo ele, a prática aumenta os riscos de as meninas se tornarem vítimas de violência e abuso, além de limitar as oportunidades. Um dos países citados por agências da ONU com prática de casamento infantil foi o Nepal.

A representante especial do Secretário-Geral sobre Violência a Crianças, Marta Santos Pais, contou à Rádio ONU, sobre algumas medidas que estão sendo tomadas no país, do centro-sul da Ásia, para combater o problema.

Agenda

“Nas montanhas do Nepal, existem pequenos conselhos, em que participam mulheres, homens e jovens, onde essas questões são debatidas na aldeia. Faz parte do seu dia-a-dia, mas a questão não fazia parte da agenda e os jovens estão a trazê-la. Não custa nenhum direito. A questão é como podemos ser criativos, utilizarmos os recursos que já temos para alcançar os melhores resultados. Mas o primeiro passo é ter a vontade, a abertura para por a questão na mesa.”

Marta Santos Pais afirmou que apesar de muitas famílias se oporem à prática, a tradição local acaba se impondo, de uma forma ou de outra.

“Em muitas situações, a família de fato não quer manter a prática, mas sente o enorme risco de não aplicar a prática numa comunidade, em que todos têm a percepção de que a prática é a parte de sua identidade, e serem considerados um elemento divergente. Nós não queremos que o abandono da prática crie uma situação de exclusão porque vamos levar a outras dificuldades e desafios para os direitos das crianças e à sobrevivência da própria família.”

O combate ao casamento infantil foi escolhido como tema do primeiro Dia Internacional da Menina. O assunto foi debatido também numa mesa redonda, nesta quinta-feira, em Nova York, da qual participou o ex-arcebispo sul-africano e Prêmio Nobel da Paz, Desmond Tutu,