Crise na Europa põe Brasil entre os 10 maiores doadores do PMA
Chefe da agência, Ertharin Cousin, contou que o país doou até agora mais de US$ 76 milhões para compra de alimentos; distribuição na Síria continua sendo um dos maiores desafios por causa da violência.
Rafael Belincanta, de Roma para a Rádio ONU.*
A nova diretora-executiva do Programa Mundial de Alimentos, PMA, afirmou que a situação da violência na Síria continua sendo um desafio para a entrega de ajuda humanitária às vítimas do conflito.
De acordo com Ertharin Cousin, a emergência na Síria ocorre num momento também de mudanças no financiamento dentro da própria agência. Com a crise na Europa, outros países, como o Brasil, passaram a aumentar suas contribuições para o PMA.
Agências Humanitárias
Em uma entrevista a correspondentes estrangeiros, em Roma, na sexta-feira, Ertharin Cousin, contou que ao menos 3 milhões de pessoas, na Síria, precisam de ajuda imediata.
A diretora-executiva explicou que o grande desafio é continuar a ter acesso à Síria e levar ajuda a quem precisa em parceria com as agências humanitárias e, principalmente, chegar àqueles que devido à situação precária estão, de fato, ingressando no grupo de pessoas que passam fome.
Mas para Cousin, não se deve mais pensar no PMA como uma simples agência que leva comida a quem precisa.
Ela afirmou que o PMA deixou de levar ajuda apenas, mas agora oferece também assistência. Cousin contou ainda que o Programa, que simplesmente transportava grandes quantidades de alimento, se transformou numa agência que se assegura em ter as ferramentas justas para responder às necessidades das pessoas.
Déficit
Mas a mudança de perfil está ameaçada pela crise econômica mundial. Hoje, a agência trabalha com um déficit de 12%. Ao mesmo tempo que os países doadores da Europa, principalmente, têm de investir internamente, outras nações têm respondido com doações, como contou Ertharin Cousin.
A diretora-executiva afirmou que países doadores, que antes tinham pouca tradição, como o Brasil, agora tem repassado verbas como nunca havia feito.
Segundo dados da agência, o Brasil, até o início deste mês, ocupava a nona posição na lista dos doadores, com mais de US$ 76 milhões doados, equivalentes a R$ 152 milhões. A quantia representa quase 10% a mais da contribuição feita em 2011.
*Com reportagem da Rádio Vaticano.