Década da Alfabetização chega ao fim sem atingir metas
Mundo ainda tem 875 milhões de pessoas que não sabem ler nem escrever; no Brasil, número de crianças nesta situação é de 671 mil, segundo Censo de 2010.
Felipe Siston, do Rio de Janeiro para a Rádio ONU.*
Em dezembro, terminará a Década das Nações Unidas para a Alfabetização. Mas em todo o mundo ainda são registrados 875 milhões de analfabetos. Deste total, 66%, são mulheres.
Segundo a ONU, as taxas vêm caindo, mas não o suficiente para se atingir a meta estipulada há mais de 20 anos: diminuir para 830 milhões o total de pessoas que não sabem ler nem escrever.
Durante a Assembleia Geral, em Nova York, o líder das Nações Unidas, Ban Ki-moon lançou a iniciativa “Educação em Primeiro Lugar” com o apoio de dezenas de chefes de Estado e Governo.
Palestra
O tema foi debatido também, nesta quarta-feira, durante uma palestra organizada pelo Centro de Informação das Nações Unidas, Unic Rio, e o Instituto Interamericano de Fomento à Educação, Cultura e Ciência, Ifec.
Uma das participantes, a alfabetizadora e pesquisadora da Uerj, Denise Sepúlveda, falou à Rádio ONU, do Rio de Janeiro, que o mundo continua fracassando na alfabetização como um direito humano universal.
“Conseguiu-se diminuir um pouco mas não se atingiu o ideal que se queria. A gente ainda continua fracassando na questão da universalização da alfabetização para todos”.
Brasil
A Década da Alfabetização foi proposta durante o Fórum Mundial de Educação, realizado em Dacar, em 2000. Na época, foi dado um novo incentivo para se alcançar a meta que já havia sido formulada 10 anos antes, em 1990, de melhorar em 50% os níveis de alfabetização até 2015.
Denise Sepúlveda falou ainda da situação do Brasil. Segundo ela, o mais agravante é a continuidade do analfabetismo entre crianças de 10 até 14 anos.
Denise Sepúlveda. Foto: Daniel Mendonça “O que me preocupa mais é que a gente ainda têm uma percentagem de crianças que não são alfabetizadas. É um número ainda considerável pensando até que de 2007 para cá a alfabetização foi incorporada ao ensino como uma obrigação do Estado. Enquanto a gente não desenvolver um currículo de formação que leve em conta os conhecimentos e a organização da cultura das classes populares, a gente não vai dar conta de trabalhar nesse sentido. E é isso que fracassa, porque a gente fala uma coisa que os alunos não compreendem.”
De acordo com o Censo de 2010, 3,9% das crianças nessa faixa etária não estavam alfabetizadas, ou seja, 671 mil não sabiam ler e nem escrever.
Conhecimento
Já para o presidente do Ifec, Raymundo Stelling, a educação vai além de apenas transmitir conhecimento.
“Quando você fala em educação você fala de uma série de condições que permitem uma criança a realmente poder ter um bom desenvolvimento na sua formação. Aí você tem que imaginar a questão da segurança, da alimentação, da qualificação desses professores, da pertinência dos programas que são desenvolvidos, do salário justo para esses profissionais.”
Desde 2005 o Ifec e o Unic Rio mantém uma parceria com a realização anual de palestras e atividades voltadas para a educação e o meio ambiente.
*Apresentação Leda Letra, com reportagem do Unic Rio.