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Estratégia de sobrevivência ainda marca vida nas favelas, diz estudo BR

Estratégia de sobrevivência ainda marca vida nas favelas, diz estudo

Pesquisa lançada em parceria com a Unesco mapeia cotidiano em quatro comunidades do Rio de Janeiro; para especialista, desenvolvimento econômico do Brasil não reverte exclusão social.

Leda Letra, da Rádio ONU em Nova York.

 A segurança, dividida pelas leis do tráfico de drogas e da polícia, ainda é parte central no cotidiano das favelas cariocas. É o que aponta um estudo lançado, nesta quinta-feira, pela universidade britânica, London School of Economics, em parceria com a Unesco no Brasil.

Foram ouvidos moradores de quatro comunidades do Rio de Janeiro: Cantagalo, Cidade de Deus, Madureira e Vigário Geral. O foco do trabalho foi desvendar a vida nas favelas e como os habitantes ultrapassam de forma positiva as dificuldades diárias no ambiente em que vivem.

Exclusão

Do Rio de Janeiro, a coordenadora da pesquisa, Sandra Jovchelovitch, explicou à Rádio ONU como essas comunidades aprendem a lidar com a marginalização e a exclusão.

“Uma das estratégias mais eficazes é a preservação daquilo que nós chamamos de ‘capital social’ das comunidades populares do Rio. Essas comunidades têm um sentimento de pertença e de coesão social muito forte, apesar das condições de pobreza e violência na qual elas vivem. A pobreza e a segregação social no Rio não destruíram a convivialidade, o espírito de vizinhança. Elas se tornam instrumentos de luta cotidiana, de manter e seguir a vida.”

Na avaliação de Sandra Jovchelovitch, com a criação das Unidades de Polícia Pacificadora, UPPs, as relações entre polícia e favela estão sendo redefinidas no Rio de Janeiro.

Progresso Social

A pequisadora destaca, porém, que apesar dos avanços da economia do Brasil, ainda é difícil notar uma melhora na qualidade de vida dos moradores.

“Ainda não foram suficientes para reverter de forma definitiva o quadro de exclusão social em que vivem essas comunidades. O modelo de desenvolvimento econômico brasileiro ainda precisa estabelecer um diálogo bastante intenso com o modelo de desenvolvimento social. O que nós observamos na complexidade do espaço urbano do Rio de Janeiro é que o fantasma da cidade partida ainda não pode ser abandonado.”

Sandra Jovchelovitch nota a importância de projetos sociais como o trabalho do AfroReggae e da Central Única das Favelas, parceiras na pesquisa.

A especialista recomenda o aumento do alcance e da qualidade dos serviços nas comunidades, em especial de programas com foco na educação.