Cidade moçambicana recebe prémio para sistema de alerta de cheias
Beira tem cerca de 450 mil pessoas consideradas “extremamente vulneráveis às inundações”; envolvimento comunitário na iniciativa é elogiada pelo Escritório da ONU para a Redução do Risco de Desastres.
Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.
A cidade moçambicana da Beira venceu um prémio atribuído pelo Escritório da ONU para a Redução do Risco de Desastres a centros urbanos propensos a inundações.
O valor de € 100 mil foi anunciado esta segunda-feira, e deve ser investido na implementação do projeto de um sistema de alerta de cheias, com base em sensores de contacto digitais ativados pela subida das águas do mar.
Líderes Comunitários
A Fundação Munich Re e o Fórum de Risco Global, em Davos, na Suíça que apoiam a iniciativa, também destacam o papel de líderes comunitários nos Comités de Redução de Risco como aspeto inovador da proposta.
Em entrevista à Rádio ONU, da Beira, o presidente do Conselho Municipal local, Deviz Simango, falou da exposição ao risco e as estratégias locais para abordar o perigo de inundações.
Desafios
“Os próximos desafios são treinarmos o nosso pessoal, capacitarmos melhor, expandirmos o nosso mapeamento de zonas de risco e, de certo modo, assegurarmos que algumas infraestruturas e equipamentos existam, não gostaríamos de ter um acidente grave em que não consigamos comunicar às populações mas não temos a possibilidade de as manter em zonas seguras”, explicou.
Para a ONU, uma gestão bem-sucedida do risco começa a nível local. A organização reafirma o seu interesse em incentivar abordagens inovadoras com vista a melhorar a resistência das populações e reduzir os riscos.
Nível do Mar
Para a distinção, eram elegíveis 38 cidades do mundo construídas abaixo do nível do mar. Na segunda maior cidade moçambicana, 450 mil pessoas são consideradas “extremamente vulneráveis às inundações.”
A expectativa da ONU é que o projeto venha a ser replicado em locais como Mindanao, nas Filipinas, onde mais de 1,2 mil pessoas morreram devido às inundações durante a noite, em Dezembro passado.
Para a agência, tragédias do género são “desnecessárias” pelo fato de poderem ser evitadas através do uso inteligente da tecnologia e de sistemas de alerta precoce.