Mais poderia ser feito pelos mineiros sul-africanos, defende a OIT
Agência reage à morte de dezenas de pessoas da mina de Marikana, no norte do país, após terem sido baleados pela polícia no decurso de protestos de dois sindicatos por melhores salários e condições laborais.
Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.
Poderia ter sido feito mais para melhorar as condições de trabalho nas minas da África do Sul, referiu esta sexta-feira a Organização Internacional do Trabalho, OIT.
A declaração surge na sequência de incidentes ocorridos na semana passada na mina de Marikana, no norte do país que resultaram em mortes. O presidente sul-africano, Jacob Zuma, anunciou uma comissão de inquérito para investigar a violência.
Melhorias
Segundo agências de notícias, pelo menos 40 pessoas foram baleadas mortalmente pela polícia, 70 ficaram feridas e 250 foram presas em protestos de dois sindicatos por melhores salários e condições laborais.
Na nota, o especialista da agência da ONU para o setor mineiro, Martin Hahn, ressalta uma série de melhorias refletidas no setor que permitiram a redução do número de mortes de 774 em 1984 a 128 em 2010. O desempenho seguiu-se à observação da Convenção da OIT sobre os Princípios de Segurança e Trabalho nas Minas de 1995, defende a agência.
Entretanto, foi lançado um pedido para maiores esforços com vista à criação de condições de segurança preventiva e de uma cultura saudável “para cada mineiro” para reduzir a zero o número de casos fatais.
Exposição
Para a OIT, durante as operações a céu aberto e subterrâneas os mineiros são expostos a condições perigosas como queda de rochas, exposição a poeiras, barulho intenso, fumos, altas temperaturas entre outros.
São igualmente verificadas infeções com a tuberculose, a silicose ou altas taxas de HIV, pela exposição ao sexo ocasional devido ao fato de estarem distantes das suas famílias.
As autoridades estimam que cerca de 2,7% da população ativa sul-africana estava empregada no setor em 2008.