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Brasileiros no Líbano abrigam refugiados do conflito na Síria BR

Brasileiros no Líbano abrigam refugiados do conflito na Síria

A família de Amuli Abdouni, que vive no Vale do Bekaa, abriu suas portas para uma família síria que fugiu da violência no país árabe; ela conta que, em breve, outra casa será aberta para receber mais pessoas.

Leda Letra, da Rádio ONU em Nova York.

A brasileira Amuli Abdouni morou por três anos no norte do Líbano, na fronteira com a Síria. Há dois anos, ela voltou para São Paulo e atualmente, passa férias no Vale do Bekaa. Ao retornar para a região, há um mês, encontrou pelas ruas muitas famílias sírias, que fugiram do conflito político.

A exemplo de muitos libaneses, Amuli Abdouni está solidária com a situação dos deslocados. Do Vale do Bekaa, uma aldeia onde vivem muitos libaneses que falam português, ela contou à Rádio ONU que sua família resolveu dar abrigo aos sírios.

Ajuda do Acnur

“A casa do meu irmão já recebeu pessoas que também são de nível alto de vida. Mas no dia em que eles estavam fugindo (da Síria), mataram várias pessoas da família, ficaram mulheres com crianças. Então está muito difícil a situação. A casa dos meus pais, a gente vai abrir também, na semana que vem. A gente vai receber, porque está vazia a casa. Então vamos oferecer, por que não?”

O Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados, Acnur, está assistindo mais de 31 mil sírios que entraram no Líbano. Só no Vale do Bekaa, outras mil pessoas que saíram da Síria esperam ser cadastradas com a agência.

Segurança

Amuli Abdouni confessa ter medo e diz não se sentir segura, por isso, ela e a família evitam passear e circular por certas regiões. A brasileira conta um pouco do que vê pelas ruas de Bekaa.

“Várias famílias vieram da Síria, estão passando bastante necessidade, pedindo as coisas mais básicas. E tem gente circulando, a gente vê também bastante carro da Síria. Eles pedem comida, roupas. É muita gente sofrendo. As pessoas que pedem ajuda, você sente que elas perderam bastante gente da família.”

O Acnur afirma trabalhar com autoridades do Líbano em um plano de contingência para acomodar a comunidade de sírios que buscaram refúgio no país.

Os confrontos entre opositores do presidente Bashar al-Asad e integrantes do governo sírio duram mais de um ano.

Organizações não-governamentais estimam que mais de 15 mil pessoas já morreram. Aqueles que conseguem fugir da Síria, buscam abrigo no Líbano, Turquia, Jordânia e Iraque.

Confira também o depoimento completo de Amuli Abdouni à Rádio ONU.