Perspectiva Global Reportagens Humanas

Graça Machel pede aposta na educação da primeira infância em Moçambique

Graça Machel pede aposta na educação da primeira infância em Moçambique

Activista lançou o Instituto para o Desenvolvimento para desenhar uma visão sobre desenvolvimento e educação da criança no país.

[caption id="attachment_216167" align="alignleft" width="350" caption="Foto: World Bank"]

Manuel Matola, da Rádio ONU em Maputo

A defensora dos direitos das crianças e apoiante do movimento global do Fundo da ONU para a Infância, Graça Machel, pediu ao governo moçambicano que implemente políticas públicas integradas para promover a educação da primeira infância.

Ela falava, esta quarta-feira, na capital moçambicana, Maputo, durante a apresentação do plano estratégico do Instituto para o Desenvolvimento da Criança- Zizile, recentemente fundado por Graça Machel.

Educação

“Temos que falar de educação da primeira infância nos diversos espaços em que a criança está e tentarmos construir uma visão comum de como é que isso pode ser incentivado e estimulado”.

A activista social elogiou o esforço do executivo moçambicano e das instituições das Nações Unidas para impulsionar a educação de primeira infância. Contudo, defendeu que as autoridades moçambicanas devem apostar na agricultura para diversificar alimentação e resolver o problema da má nutrição no país.

“O maior problema não está nas políticas, porque falando dos primeiros 24 meses de vida (da criança) e a importância e o impacto de uma nutrição adequada posso dizer que existem políticas. As políticas existem, nomeadamente, no que diz respeito à nutrição. O maior desafio é a implementação destas políticas, é como é que ela sai daquilo que acordamos e se transforma numa prática quotidiana que tem que ir para as famílias”.

Primeira Infância

Dados do Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, indicam que cerca de 44% de mais de 4 milhões de crianças moçambicanas abaixo de 5 anos sofre de desnutrição crónica. As Nações Unidas consideram como aceitável que um país tenha uma taxa de no máximo 10%.

De acordo com a agência, no ano passado, Moçambique registou mais de 700 óbitos devido a problema de saúde nutricional.

Graça Machel assinalou, por isso, o impacto da marginalização das políticas públicas da primeira infância.

“O que nós estamos a tentar fazer é contribuir para que haja uma maior consciência de que a falta de alimentos não é apenas um problema de encher a barriga, é um problema fundamental de desenvolvimento do país. Nós não vamos ter recursos humanos completamente desenvolvidos nos próximos 20 anos se não resolvermos problema de nutrição”.

O Instituto para o desenvolvimento da Criança, presidida pela esposa de Nelson Mandela, pretende dirigir um movimento de advocacia. O objectivo é que seja esboçada a visão nacional sobre desenvolvimento e educação da criança, uma base considerada fundamental para a política nacional sobre a matéria.