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Unicef fala de influência de costumes na violência contra crianças em Moçambique

Unicef fala de influência de costumes na violência contra crianças em Moçambique

Agência da ONU considera que os hábitos culturais concorrem para a fraca denúncia de crimes de violação contra a criança.

[caption id="attachment_215132" align="alignleft" width="350" caption="Foto: Banco Mundial"]

Manuel Matola, da Rádio ONU em Maputo.

O Fundo da ONU para a Infância, Unicef, diz que alguns costumes em Moçambique estão a contribuir negativamente para a “cultura de silêncio” das crianças vítimas de violência.

A agência recomenda ao governo moçambicano que trabalhe com as comunidades na eliminação de práticas que lesam os direitos das crianças.

Fraca Denúncia

Em entrevista à Rádio ONU, em Maputo, a especialista de Proteção da Criança no Unicef, Mariana Muzzi, disse que os hábitos culturais concorrem para a fraca denúncia de crimes de violação contra a criança.

“Existe uma cultura de silêncio à volta da violência. Estudos mostram que as pessoas não vêm o sexo com criança como uma violência, ou seja, não percebem que uma criança que está grávida aos 13 anos ou casada aos 12 anos é vítima de violência, porque as pessoas acham que a violência se restringe ao tema de violência doméstica contra a mulher. A cultura do silêncio deve-se a duas razões: apatia e a perceção de que a justiça não funciona”.

Violação

Anualmente, a polícia moçambicana recebe 5 mil denúncias de casos de violação contra menores. Mariana Muzzi considera este número “muito baixo” face à dimensão do fenómeno que diz afetar milhões de raparigas.

Nesta quinta-feira, o Unicef organizou um seminário sobre os direitos da criança dirigido aos magistrados judiciais de todo o país.