Tribunal condena Charles Taylor por crimes de guerra
Alta comissária de Direitos Humanos da ONU reagiu ao veredicto dizendo que é “marco na justiça internacional”; sentença deverá sair no dia 30.
Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.
A alta comissária da ONU para os Direitos Humanos saudou o veredicto desta quinta-feira, do Tribunal Especial para Serra Leoa, no caso de Charles Taylor.
O antigo líder liberiano foi considerado culpado por crimes de guerra e contra a Humanidade, após um julgamento de cinco anos. O veredicto foi dado pelo tribunal apoiado pela ONU. O órgão julgou Taylor pelo seu papel no conflito civil da Serra Leoa, ocorrido entre 1991 e 2002.
Unanimidade
Na leitura da sentença, na manhã desta quinta-feira, em Haia, na Holanda, o juiz Richard Lussick anunciou que a decisão foi tomada por unanimidade.
O juiz refere que o antigo líder liberiano é considerado culpado do planeamento e cumplicidade em crimes de guerra e contra a Humanidade, citando ataques que incluem a invasão da capital serra-leonesa, Freetown.
A leitura da sentença está marcada para a próxima segunda-feira, onde se saberá qual será a sua pena.
Num comunicado, publicado em Genebra, a alta comissária de Direitos Humanos, Navi Pillay, considera que o veredicto é um grande marco no desenvolvimento da justiça internacional.
Decisão
Lembra, entretanto, que Charles Taylor pode recorrer da decisão, e que a sua culpa não está completamente estabelecida até o fim do processo judicial.
Para Pillay, Taylor exerceu enorme influência num país vizinho, onde dezenas de milhares de pessoas foram mortas, mutiladas, violadas, roubadas e deslocados por anos. Estima-se que o número de vítimas mortais do conflito liberiano ronde os 50 mil.
Chefes de Estado
A alta comissária considerou a decisão uma firme advertência a outros Chefes de Estado que cometem crimes semelhantes, ou consideram fazê-lo.
Pillay lembrou que os antigos chefes de Estado marfinense, Laurent Gbagbo, e da Sérvia, Radovan Karadzic - também foram acusados de crimes internacionais e aguardam julgamento. O presidente sudanês Omar al-Bashir também foi indiciado, mas não preso pelo tribunal.
O julgamento de Charles Taylor é tido como o primeiro que chega à sentença de um antigo Chefe de Estado africano.