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Literatura em português junta escritores no Dia Mundial do Livro

Literatura em português junta escritores no Dia Mundial do Livro

Unesco indica que as línguas mais traduzidas são o Francês, Alemão e Espanhol; data coincide com os aniversários da morte dos escritores William Shakespeare e Miguel de Cervantes.

Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.*

Escritores dos países de língua portuguesa falaram da escrita e da necessidade de valorização do português na literatura no Dia Mundial do Livro.

Paralelamente, a Unesco assinala, esta segunda-feira, o Dia dos Direitos do Autor. A data coincide com os aniversários da morte dos escritores William Shakespeare, do Reino Unido, e Miguel de Cervantes, de Espanha.

Tradução

O lema das celebrações deste ano é a tradução. A Unesco indica que as línguas mais traduzidas são o Francês, o Alemão e o Espanhol.

Numa entrevista à Rádio ONU, o escritor angolano Alcides Sakala, de Luanda, propôs uma reflexão sobre a universalização da língua de Camões.

“As línguas mais influentes do mundo impuseram-se, hoje, por força da capacidade política e económica dos países detentores dessas línguas. Temos, por exemplo, a língua inglesa. Talvez o que faltasse é um maior empenho dos próprios regimes instituídos no sentido de puder incentivar a necessidade da universalização da língua portuguesa”, referiu.

Ideias e Sentimentos

Do Brasil, o escritor e tradutor Rubens Figueiredo, do Rio de Janeiro, realçou os contornos da tradução para os profissionais da palavra.

“O trabalho de escrever, escrever um livro próprio, também compreende uma tradução. Quando você escreve um livro, escreve um conto, ou até um poema, nós partimos de impressões, imagens, sentimentos, ideias, que muitas vezes não se apresentam em forma de linguagem verbal. Porém, como escritor, nós temos de traduzir essas impressões, ideias, sentimentos e imagens, em linguagem verbal, em português. E isso é um trabalho de tradução.”

Na data, a Unesco promove a  leitura, publicação e proteção da propriedade intelectual . O escritor português e economista, João Pedro Martins, responde à pergunta: Por que escreve?

Versatilidade

“Pelo prazer de criar histórias e achar que deve haver alguém que possa interessar-se em ler as histórias que eu gosto de criar, de inventar. Esta é uma atitude quase narcísica, a de escrever para publicar, obviamente. Há muito mais gente, muito mais pessoas que escrevem pelo simples prazer de escrever. E que arrumam dentro da gaveta, dentro de um bloco de apontamentos, aquilo que vão escrever.”

Já a poeta timorense, Mena Reis,  fala de escrever em português, apontando o livro e a sua versatilidade.

“Para mim, a poesia tem um grande significado. Porque a sociedade em si, principalmente a sociedade timorense, há muitas pessoas que ainda não sabem escrever e ler. Então se a gente escreve o livro, o livro fica dormindo. Agora, para que o livro sirva para ser como a mestra para ensinar, temos que usar o livro em termos outras maneiras. Depois de ler o livro, posso fazer (a história) outra vez em teatro, para que a comunidade compreenda e começamos a discutir, refletir e eles também compreendem (a mensagem) que queremos fazer chegar.”

A Unesco celebra 80 anos de uma base de dados contendo informações sobre traduções publicadas pela agência. O material foi  concedido por bibliotecas, tradutores, linguistas, pesquisadores e bases de dados em todo o mundo.

*Com reportagens de Daniela Traldi, Unmit, Dili; João Rosário, Lisboa.