A Organização Internacional para Migrações cita várias vítimas dessa rota de tráfico, repatriadas pela organização, que denunciaram violações, torturas e escravatura sexual.
Joyce de Pina, da Rádio ONU em Nova Iorque
A Organização Internacional para Migrações, OIM, emitiu um comunicado em que se mostra preocupada com o aumento do número de mulheres do Uganda traficadas, em especial para a Ásia.
As vítimas que conseguiram escapar às redes de traficantes e regressar a casa, com a ajuda da OIM, afirmaram terem sido alvo de escravatura sexual, violações e tortura.
Nos últimos quatro meses, de acordo com a agência da ONU, 13 vítimas foram resgatadas na Malásia e entregues à OIM para assistência. Fontes do Uganda, citadas pela agência, afirmaram que existem talvez 600 mulheres nesse país asiático, e que entre 10 e 20 chegam ao país todas as semanas.
Promessas Vãs
As vítimas de tráfico humano são, normalmente, mulheres jovens, e os traficantes são indivíduos ou agências de emprego que as aliciam com promessas de trabalhos lucrativos, ou oportunidades de estudo no estrangeiro.
Essas promessas levam muitas das vítimas a entrar nos circuitos de tráfico humano sem se aperceberem e, quando se dão conta, é tarde demais.
Os seus passaportes foram-lhes, entretanto, retirados, e elas encontram-se em locais que desconhecem, sem contactos, e acabam obrigadas a prostituirem-se e a trabalhar em situações de escravatura.
Testemunho de Vítima
Uma das vítimas, com 22 anos, resgatada pela OIM, descreveu o que lhe aconteceu. A vítima indicou que lhe foi prometido um emprego num restaurante na Malásia. Ela aceitou. Foi levada para Banguecoque, capital da Tailândia, onde ficou dois dias. O local onde esteve era péssimo, segundo a sua descrição, e havia outras 20 raparigas do Uganda com idades entre os 17 e os 20 anos. As jovens drogavam-se nos corredores.
Quando finalmente chegou à Malásia, a jovem foi atendida por uma mulher do Uganda que a levou a tomar banho, comer e dormir.
No dia seguinte foi-lhe dito que não havia nenhum emprego em nenhum restaurante e que ela começaria a trabalhar como prostituta para pagar US$ 8 mil, à razão de US$ 200 por dia.
Se o dinheiro não fosse pago diariamente, a vítima seria agredida.